"Não há poder na Terra que possa expulsar o povo palestiniano da nossa pátria ancestral, incluindo Gaza", assegurou Riyad Mansour perante o Comité sobre o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestiniano, na sede das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
Donald Trump causou polémica na terça-feira ao afirmar que os Estados Unidos "assumiriam o controlo" de Gaza, reconstruiriam o enclave e o transformariam na "Riviera do Médio Oriente", forçando a população local de mais de dois milhões de habitantes a procurar refúgio "permanente" em países vizinhos.
Embora não tenha citado diretamente o Presidente norte-americano em nenhum momento, Mansour referiu-se ao plano do republicano, dizendo que o povo palestiniano não quer "criar problemas para o Egito, Jordânia ou qualquer outro Estado".
"Temos muitos problemas no nosso próprio país e queremos reconstruí-lo. Não temos outro país além da Palestina. Gaza é uma parte preciosa dele (...). Esta é a resposta para aqueles que nos querem expulsar", acrescentou, concluindo que o seu interesse prioritário é "alcançar a paz" e chegar a uma solução de dois Estados.
Momentos antes, também sem referir diretamente Donald Trump, o secretário-geral da ONU considerou "essencial evitar qualquer forma de limpeza étnica" e "reafirmar a solução de dois Estados".
Na mesma sessão do Comité, António Guterres defendeu o direito dos palestinianos "de simplesmente viverem como seres humanos na sua própria terra", lamentando a "desumanização e demonização assustadora e sistemática" desse povo.
"Qualquer paz duradoura exigirá progresso tangível, irreversível e permanente em direção à solução de dois Estados, o fim da ocupação e o estabelecimento de um Estado Palestiniano independente, com Gaza como parte integrante", reforçou Guterres, frisando que "na busca por soluções, não se deve piorar o problema".
"Um Estado Palestiniano viável e soberano, a viver lado a lado em paz e segurança com Israel, é a única solução sustentável para a estabilidade do Médio Oriente", defendeu.
De acordo com o líder da ONU, o mundo tem visto a concretização dos direitos do povo palestiniano "tornar-se cada vez mais distante".
A proposta de Trump, apresentada ao lado do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, desencadeou uma onda de críticas a nível internacional.
Trump admitiu na terça-feira que contempla uma "posição de propriedade de longo prazo" dos Estados Unidos sobre a Faixa de Gaza e até mesmo o envio de tropas para o enclave "se necessário".
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