"As declarações do Presidente Trump que apelam à remoção forçada dos palestinianos da Faixa de Gaza ocupada devem ser ampla e inequivocamente condenadas", afirmou a secretária-geral da organização, Agnès Callamard, num comunicado.
Na terça-feira, Trump defendeu que os Estados Unidos (EUA) devem assumir o controlo da Faixa de Gaza, reconstruir e desenvolver economicamente o território, devastado por meses de guerra.
"A linguagem utilizada [por Donald Trump] é inflamatória e ultrajante, e a sua proposta é uma violação flagrante do direito internacional", denunciou Callamard.
O chefe de Estado norte-americano propõe também transferir os habitantes do enclave para os países vizinhos, em particular para a Jordânia e para o Egito, uma sugestão que já foi rejeitada e denunciada por países aliados e adversários dos EUA.
"Qualquer plano para retirar à força os palestinianos dos territórios ocupados é um crime de guerra e, se cometido no âmbito de um ataque generalizado ou sistemático contra a população civil, constituiria um crime contra a humanidade", frisou Agnès Callamard.
"Nenhum Estado tem o direito de tratar uma população protegida, que vive sob ocupação, como peões num jogo de xadrez geopolítico", acrescentou, acusando o Presidente norte-americano de "desumanizar perigosamente" os palestinianos em Gaza.
O plano anunciado por Trump, o qual a Amnistia Internacional classifica como "revoltante" e "ilegal", surge num contexto marcado pela retomada das frágeis negociações sobre a segunda fase do acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
"Perante as perigosas ameaças do Presidente Trump, é mais importante do que nunca que o resto da comunidade internacional rejeite categoricamente estas propostas e acelere os esforços diplomáticos, de acordo com o direito internacional", apelou a secretária-geral da ONG.
Trump recusou-se hoje a dar mais detalhes sobre o seu plano, argumentando que "não era o momento certo" já que estava a participar no que descreveu como uma ocasião "solene e importante", quando a nova procuradora-geral, Pam Bondi, jurou proteger a Constituição do país antes de assumir oficialmente o cargo.
A Amnistia Internacional, juntamente com outras ONG, tem acusado Israel de "cometer genocídio" contra os palestinianos na Faixa Gaza desde o início da guerra desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas ao sul de Israel a 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e cerca de 250 reféns, a maioria dos quais civis.
Em retaliação pelo ataque do movimento islamita palestiniano, Israel lançou uma operação militar em grande escala, que provocou mais de 47 mil mortos, na maioria civis, e a destruição da maioria das infraestruturas do enclave, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas desde 2007.
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