O ainda presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, concedeu "indultos preventivos" a críticos de Donald Trump, que toma posse esta segunda-feira como 47.º presidente do país. O objetivo, de acordo com um comunicado, é evitar "processos injustificados e politicamente motivados".
Nos EUA é tradição um presidente conceder clemência no final do seu mandato, mas estes atos de misericórdia são geralmente oferecidos a cidadãos comuns que foram condenados por crimes.
Contudo, Biden usou este poder da forma mais ampla e recorreu a uma formulação inédita: para perdoar aqueles que ainda nem sequer foram investigados.
Entre os indultados está o ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, Mark Milley, e o responsável pelo combate à Covid-19, Anthony Fauci, além de membros do Congresso e funcionários que integraram uma comissão de investigação sobre o ataque ao Capitólio, ocorrido a 6 de janeiro de 2021.
"A nossa nação depende todos os dias de funcionários públicos dedicados e altruístas. Eles são a força vital da nossa democracia. No entanto, de forma alarmante, os funcionários públicos têm sido objeto de ameaças e intimidações constantes por cumprirem fielmente os seus deveres", escreveu Joe Biden num comunicado divulgado esta segunda-feira.
Lembrando que os indultados foram "ameaçados com processos criminais", Biden destacou que os mesmos "não merecem ser alvo de processos injustificados e politicamente motivados".
Apesar de acreditar no "Estado de direito" e que a "força das instituições jurídicas acabará por prevalecer sobre a política", o presidente norte-americano considerou que "estas são circunstâncias excecionais" e, por isso, não pode, "em boa consciência, não fazer nada".
Our nation relies on dedicated, selfless public servants every day. They are the lifeblood of our democracy.
— President Biden (@POTUS) January 20, 2025
Yet alarmingly, public servants have been subjected to ongoing threats and intimidation for faithfully discharging their duties.
In certain cases, some have even been…
Anthony Fauci, recorde-se, foi diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde durante quase 40 anos e foi o principal conselheiro médico de Biden, até à sua reforma em 2022.
O médico ajudou a coordenar a resposta à pandemia de Covid-19 e irritou Trump quando se recusou a apoiar as alegações infundadas sobre a doença do então presidente durante o seu primeiro mandato (2017-2021), tendo sido alvo de críticas pelos setores conservadores do Partido Republicano.
Já Mark Milley foi chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e chamou fascista a Trump, mostrando-se chocado com a forma como este colaborou com a invasão do Capitólio (sede do Congresso norte-americano) em 2021.
Biden também perdoou membros e funcionários do comité da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) que investigou a invasão do Capitólio, incluindo os ex-congressistas Liz Cheney e Adam Kinzinger, ambos republicanos, bem como os agentes da polícia do Capitólio dos EUA e da área metropolitana de Washington D.C. que testemunharam perante o comité.
Sublinhe-se que Donald Trump toma posse esta segunda-feira como 47.º presidente dos Estados Unidos, após ter vencido as eleições de 5 de novembro. A cerimónia realiza-se em Washington D.C. e contará com a presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita.
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