Prisão pérpetua para condenado por caso de violação que indignou Índia

Um tribunal indiano condenou esta segunda-feira a prisão perpétua um homem acusado de violar e assassinar uma médica, um crime que chocou o país, apesar de a violência sexual contra as mulheres estar generalizada.

Notícia

© Shutterstock

Lusa
20/01/2025 12:44 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Índia

Os pais da vítima, que pediram que o homicida fosse condenado à morte por enforcamento, admitiram, entre lágrimas, que ficaram chocados com a sentença, mas o juiz Anirban Das argumentou que o crime não merecia pena de morte porque constitui "o mais raro dos casos raros".

 

O juiz ordenou, por isso, que Sanjoy Roy, de 33 anos, um voluntário que trabalhava no hospital de Calcutá - onde foi encontrado o corpo ensanguentado da médica de 31 anos -, passasse o resto da vida atrás das grades.

Detido em agosto passado, um dia depois do crime, e declarado culpado no sábado pelo mesmo tribunal, proclamou a sua inocência durante todo o julgamento e novamente hoje, alegando ter "sido emboscado".

A sua advogada, Kabita Sarkar, adiantou pretender recorrer da sentença, argumentando que o seu cliente não é "mentalmente equilibrado".

O pai da vítima, que, tal como a sua mulher, queria que Sanjoy Roy fosse executado por enforcamento, assegurou que vai continuar a luta e que não vai deixar que as investigações parem.

"Aconteça o que acontecer, lutaremos para garantir que a justiça seja feita", afirmou.

A identidade dos membros da família não foi revelada, de acordo com as leis indianas sobre violência sexual.

A tragédia gerou indignação em todo o país e alguns profissionais de saúde fizeram greve e manifestaram-se, exigindo medidas de segurança mais apertadas nos hospitais públicos.

Na sequência deste movimento, o Supremo Tribunal Federal determinou a criação de um grupo de trabalho composto por médicos, responsável pela elaboração de um plano de prevenção da violência nos hospitais, onde as condições de trabalho são muitas vezes deploráveis.

Além disso, o julgamento foi acelerado, uma vez que o sistema judicial da Índia costuma ser lento.

Nas semanas seguintes ao crime, a atitude das autoridades locais e a condução da investigação foram alvo de fortes críticas, tendo o chefe da polícia de Calcutá e várias autoridades regionais de saúde sido afastados dos seus cargos.

A tragédia recordou uma situação semelhante sofrida por uma jovem num autocarro, na capital do país, Nova Deli, em 2012, que lançou uma luz dura sobre o pesado silêncio que rodeia a violência sexual no país mais populoso do planeta, as deficiências do seu sistema judicial no combate à violência sexual e o tratamento dado às mulheres na sociedade indiana.

Sob pressão pública, o Governo endureceu a legislação sobre violência sexual, chegando mesmo a promulgar a pena de morte para os reincidentes.

Os quatro homens considerados culpados pela violação coletiva da estudante foram executados por enforcamento em março de 2020.

Hoje, milhares de pessoas quiseram ver um resultado idêntico e reuniram-se perto do tribunal gritando "Enforquem-no, enforquem-no".

Rimjhim Sinha, de 34 anos, que, antes do processo, ajudou a organizar vários protestos exigindo justiça e mais proteção para as mulheres, disse estar "profundamente desapontada" com a sentença.

"Este é um crime diabólico, um caso extremo de perversão", referiu, acrescentando que "já está mais do que na hora de a Índia conter a onda de violações e assassinatos que continua a aumentar".

Aniket Mahato, médico e porta-voz dos jovens médicos que participaram em semanas de greve no ano passado, também acredita que "não foi feita justiça".

Leia Também: Polícia indiana detém 57 homens acusados de abusar de adolescente

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas