"Patriota" ou "inimigo"? Partidos reagem à morte de Jean-Marie Le Pen

Reações de líderes políticos franceses à morte do ex-líder de extrema-direita Jean-Marie Le Pen coincidem a apontar o seu passado controverso, que avaliam de formas diferentes.

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© JOEL SAGET/AFP via Getty Images)

Lusa
07/01/2025 16:28 ‧ há 22 horas por Lusa

Mundo

Jean-Marie Le Pen

O fundador da extrema-direita francesa Frente Nacional (criado em 1972), atual União Nacional (RN, sigla em francês), morreu hoje aos 96 anos e o partido considerou-o "um dos últimos deputados da IV República, um combatente na Indochina e na Argélia que defendeu, com toda a sua alma e com risco de vida, a ideia da grandeza francesa".

 

Em comunicado, o partido afirmou que Le Pen era "um parlamentar certamente rebelde e por vezes turbulento, mas que sempre respeitou as instituições republicanas", alcançando uma popularidade que o levou à segunda volta das eleições presidenciais [em 2002].

"A morte de Jean-Marie Le Pen é a de um imenso patriota, de um visionário e de uma encarnação da coragem. É também a morte de um homem de imensa cultura, que carregava as esperanças de milhões de franceses. Ele amava a França e fazia parte da sua história", disse o deputado e vice-presidente do RN, Sébastien Chenu, na rede social X.

"O respeito pela dignidade dos mortos e pela dor dos seus entes queridos não retira o direito de julgar os seus atos. Os atos de Jean-Marie Le Pen continuam a ser intoleráveis", afirmou em sentido contrário o líder da esquerda radical França Insubmissa (LFI), Jean-Luc Mélenchon, numa publicação na rede social X.

Para o líder da esquerda, "a luta contra o homem acabou", porém "a luta contra o ódio, o racismo, a islamofobia e o antissemitismo que ele espalhou continua".

Já o antigo dirigente dos Republicanos (LR), que se aliou ao RN nas eleições legislativas antecipadas de junho e julho, Eric Ciotti, saudou em comunicado "um político cuja carreira foi marcada por sombras, mas também por coragem, intuições poderosas e patriotismo sincero", apelando "à classe política para que não exagere para com a sua família".

"Apesar de a sua luta política ter sido permanentemente manchada pelos seus excessos e desvios, foi um denunciante pioneiro da imigração em massa e dos seus malefícios", afirmou Ciotti.

Segundo o ministro do Interior (LR), Bruno Retailleau, o líder "terá, sem dúvida, marcado a sua época", de acordo com uma publicação no X, em que expressou as suas "condolências a Marine Le Pen e aos que lhe são próximos".

Para o líder da extrema-direita Reconquista!, Eric Zemmour, "para além das controvérsias e dos escândalos", Jean-Marie Le Pen foi "um dos primeiros a alertar a França para as ameaças existenciais que enfrentava".

Le Pen foi uma figura polarizadora na política francesa até se retirar progressivamente a partir de 2011, era conhecido pela sua retórica inflamada contra a imigração e o multiculturalismo, que lhe valeu tanto apoiantes fiéis como opositores e várias condenações, nomeadamente por negar crimes contra a humanidade.

O coordenador nacional do LFI, Manuel Bompard, referiu que Jean-Marie Le Pen não era "um grande servidor de França", mas "um torturador, um racista e um antissemita" e "inimigo da República".

"As homenagens efusivas que os seus herdeiros lhe prestam hoje recordam-nos que as suas ideias continuam vivas e que a luta antifascista continua a ser uma questão acesa", escreveu Bompard no X.

"O ano de 2025 não começa muito mal, com a boa notícia da morte de Le Pen, racista, colonialista, fascista, torturador, assassino, homofóbico, etc. Mas isso não altera em nada a luta antifascista unitária que é urgente travar", afirmou Philippe Poutou, candidato da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) às eleições legislativas de 2024, no X.

Com a morte do antigo presidente da FN, "as suas ideias nauseabundas permanecem. Lutemos contra elas, sem tréguas", defendeu o porta-voz do Partido Comunista Francês (PCF), Ian Brossat.

Leia Também: Marine Le Pen soube da morte do pai através de jornalistas num avião

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