Portugueses na Venezuela esperam paz e melhorias na economia em 2025

Apreensiva sobre o futuro do país, a comunidade portuguesa radicada na Venezuela espera que 2025 seja um ano de paz, que haja melhorias significativas na economia e que cesse a emigração.

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© Luis Boza/NurPhoto via Getty Images

Lusa
06/01/2025 07:36 ‧ ontem por Lusa

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Venezuela

"Apesar de toda a diatribe política, esperamos que seja um ano de paz, que a economia prospere. Muitos portugueses são comerciantes e qualquer coisa que aconteça afeta-nos em termos de segurança, porque os nossos negócios estão de portas abertas nas ruas do país e inclusivamente em zonas populares de baixos recursos", disse um comerciante à Agência Lusa.

 

Proprietário de uma pequena mercearia em Sarria, nas proximidades do centro de Caracas, Manuel Figueira, de 55 anos, viu nos últimos anos os seus dois filhos emigrarem devido à crise política, económica e social que tem afetado a Venezuela.

"Tenho um filho em Portugal e outro a viver com o meu irmão nos EUA. Foi muito difícil vê-los partir, devido à incerteza do que aconteceria no país e sobretudo por medo da insegurança de possível violência. Foi reviver os tempos em que emigramos à procura de melhor vida", explicou.

Emocionado, salientou ainda que a Venezuela "é um país de contrastes, de desafios constantes, mas fácil de querer e de adaptar-se, mas precisa de diálogo, de paz e que a economia progrida".

Por outro lado, a doméstica Matilde Gomes, 60 anos, quer mudanças significativos na economia e que os alimentos baixem de preço.

"O meu marido tem um pequeno restaurante e mesmo assim temos que fazer constantemente sacrifícios, decidir o que comprar para a casa, porque em termos de dinheiro, estamos sempre 'apertados'", admitiu.

Lamentou ainda que, apesar de antigamente visitar Portugal "quase todos os anos", há cinco anos que não vai ao Campanário [na Madeira], porque "viver na Venezuela é três vezes mais caro que em Portugal e o dinheiro não estica".

Para José Freitas, 45 anos, proprietário de um pequeno café em Chacaíto, a paz "é muito importante", mas a "economia está contraída".

 "Que se reduzam as tensões políticas que nos angustiam bastante. Que melhore a qualidade dos serviços e que baixem de preço. Que haja menos apagões elétricos e que as pessoas tenham dinheiro para consumir, porque há meses que temos de desembolsar das nossas poupanças para cumprir os compromissos e continuar com as portas abertas", disse.

Vários comerciantes portugueses disseram à Agência Lusa que esperam ansiosamente melhorias na economia, porque são muitas as dificuldades para manter os estabelecimentos comerciais a funcionar.

"Em dezembro, apesar da quadra de Natal, tive de pedir dinheiro emprestado para poder pagar os subsídios aos empregados do meu restaurante. A situação está melhor que em 2024, mas continua a ser insustentável. As pessoas não têm dinheiro e têm de optar entre comer fora e levar pão para casa", disse Carlos Freitas, de 55 anos, à agência Lusa.

A costureira madeirense, Rosa Soares, de 67 anos, queixa-se das baixas pensões (três euros mensais) na Venezuela, situação que "obriga a continuar a trabalhar, mesmo estando cansada, para poder sobreviver".

"Pouco se fala dos velhinhos, das dificuldades que vivemos. Precisamos de paz, mas também de uma mudança no sistema económico e melhorar as pensões", desabafou.

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