A agência que integra o sistema das Nações Unidas alertou, em comunicado, que "os rápidos desenvolvimentos registados na última semana agravaram as necessidades humanitárias, ao mesmo tempo que trouxeram um renovado sentimento de esperança".
A organização garantiu também que "está ao lado do povo sírio e continuará a prestar ajuda crítica às comunidades deslocadas no noroeste da Síria", através da operação transfronteiriça a partir da Turquia.
Este "apelo relâmpago" da OIM pretende apoiar com o fornecimento de "água de emergência, serviços de saneamento e saúde, gestão e coordenação de acampamentos, abrigos de emergência e soluções de habitação transitória, e serviços de proteção".
"(...) Mais de uma década de guerra devastou o país, deixando o seu povo empobrecido e com cicatrizes, e as suas infraestruturas em ruínas. A maioria dos sírios no país depende da ajuda humanitária e as necessidades estão a aumentar com o inverno rigoroso. Precisamos urgentemente de reforçar a nossa resposta humanitária e garantir que o povo sírio é apoiado neste momento de esperança e de oportunidades renovadas", frisou a diretora-geral da OIM, Amy Pope.
Dados da OIM apontam que cerca de 1 milhão de pessoas podem ter sido deslocadas pelos combates mais recentes, com a organização a lembrar que "antes desta semana, 3,5 milhões de pessoas já estavam deslocadas no norte da Síria", sendo que 4,2 milhões necessitavam de proteção e assistência humanitária, 16,7 milhões em todo o país.
Também hoje a organização não-governamental (ONG) Médicos do Mundo revelou que reforçou a ajuda humanitária na Síria, adaptando as suas atividades no país para "responder às necessidades em constante mudança dos 16,7 milhões de sírios que dependem de ajuda humanitária".
"Desde 27 de novembro de 2024, entre 800 mil e um milhão de pessoas deslocaram-se em toda a Síria, incluindo 345.375 só na província de Idlib e mais de 100 mil no nordeste do país", destacou a ONG, num comunicado onde apelou a todas as partes para que respeitem os direitos humanos e facilitem a ajuda humanitária
A Médicos do Mundo, que iniciou as suas atividades na Síria em 2008, pretende dar prioridade ao envio rápido de equipas médicas e bens essenciais para as regiões afetadas pelas hostilidades entre 27 de novembro e 08 de dezembro de 2024 no noroeste da Síria e em áreas anteriormente controladas pelo governo.
A ONG detalhou ainda que também está ativa no nordeste da Síria, onde "os recentes desenvolvimentos agravaram os desafios de segurança, tanto para a população, como para as equipas".
"A chegada de mais de 20 mil refugiados do Líbano e de 100 mil pessoas deslocadas do noroeste da Síria veio sobrecarregar ainda mais o frágil sistema de saúde. As dificuldades de acesso e o défice de financiamento limitam o alargamento da ajuda, tornando urgente recursos adicionais para intensificar a resposta", alertou.
Os rebeldes declararam a 08 de dezembro Damasco 'livre' do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio.
Perante a ofensiva rebelde, Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e asilou-se na Rússia.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baas foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
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