O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, testemunha esta terça-feira no julgamento por corrupção, que já dura há anos.
De acordo com a Reuters, o governante israelita entrou sorridente para testemunhar pela primeira vez.
Netanyahu é o primeiro chefe de governo israelita a ser acusado.
"Há oito anos que estou à espera deste momento para dizer a verdade", referiu Netanyahu aos três juízes que estão a julgar o caso, acrescentando: "Mas também sou primeiro-ministro. Estou a conduzir o país numa guerra de sete frentes. E acho que as duas coisas podem ser feitas em paralelo".
Estava previsto que o chefe de governo fosse ouvido em Jerusalém, mas, por razões de segurança, acabou por ser ouvido em Telavive, numa sala subterrânea.
Antes de Netanyahu falar, o seu advogado, Amit Hadad, apontou aquilo que a defesa considera falhas fundamentais na investigação, indicando que os procuradores "não estão a investigar um crime, estão atrás de uma pessoa".
Segundo o tribunal, Netanyahu vai testemunhar três vezes por semana, devido às acusações de que é alvo: abuso de confiança, fraude e de aceitar subornos em três escândalos distintos, nos quais é acusado de tráfico de influências com poderosos dirigentes da área dos média, bem como outros associados.
O primeiro-ministro nega as acusações de que é alvo, e já se declarou inocente. Ao longo do tempo, tem vindo a defender de que as investigações em que está envolvido são "uma caça às bruxas".
Fora do tribunal, de acordo com a Reuters, havia várias pessoas - umas a manifestar-se contra Netanyahu e outras a favor.
Mas de que trata este 'megajulgamento'?
Após ser indiciado em 2019, o julgamento em causa começou em 2020 - e envolve três casos criminais.
Caso 4000
Neste caso existem suspeitas de que Netanyahu concedeu favores regulatórios 'traduzidos' em valores monetários à Bezeq Telecom Israel. Segundo a acusação, Netanyahu terá procurado obter uma cobertura positiva sobre si e sobre a sua esposa num site de notícias pertencentes à empresa.
Caso 1000
Neste âmbito, tanto Netanyahu como a sua esposa terão recebido presentes milionários de Arnon Milchan, um produtor de Hollywood e cidadão israelita e do empresário bilionário australiano James Packer. Em troca, Netanyahu terá ajudado a dupla, separadamente, com os interesses comerciais. Nem o produtor nem o empresário estão acusados de algo.
Caso 2000
O chefe de governo terá negociado um acordo com Arnon Mozes, dono do jornal israelita Yedioth Ahronoth. Netanyahu procuraria melhor cobertura em troca de uma legislação para desacelerar o crescimento de um jornal rival.
"Detesta champanhe" e acha acusações "mentiras totais". Que é dito em tribunal?
O líder israelita respondeu a acusações relativas aos presentes caros do empresário Arnon Milchan, entre 2007 e 2016, a troca de favores relacionados com interesses comerciais e obtenção de vistos, classificando a acusação "duplamente absurda".
"Isso é uma mentira total. Eu trabalho 17 ou 18 horas por dia. Toda a gente que me conhece sabe disso", afirmou.
Relativamente aos presentes luxuosos, como charutos e champanhe, que alegadamente recebeu de Milchan, Netanyahu explicou: "Detesto champanhe, não posso beber". Sobre os charutos, acrescentou: "Por vezes sento-me com um charuto, mas não posso fumá-los todos de uma vez porque o faço entre reuniões".
O que pode acontecer no futuro?
Primeiro, o futuro pode demorar muito tempo a 'decidir-se'. Isto acontece porque, a não ser que Netanyahu tente encontrar um acordo judicial, os juízes poderão levar muitos meses a decidir sobre o caso, de acordo com a CNN.
A não ser que seja condenado, Netanyahu tem 'luz verde' para continuar no cargo - já que, segundo a lei israelita, não é obrigado a sair. Se for condenado, Netanyahu pode ainda recorrer do processo - e enquanto isso acontecer, não é obrigado a sair do cargo.
As acusações de suborno preveem uma pena de prisão de até 10 anos e/ou multa. Já as acusações de fraude e quebra de confiança são puníveis com até três anos de prisão.
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