CEO foi morto a tiro à porta de hotel, mas a empatia é pouca. Porquê?

Brian Thompson tinha 50 anos quando foi assassinado a tiro à porta de um hotel em plena Nova Iorque, mas a sua morte não está a chocar o país.

Notícia

© Kyle Mazza/Anadolu via Getty Images

Notícias ao Minuto
10/12/2024 10:21 ‧ há 2 dias por Notícias ao Minuto

Mundo

EUA

Na passada quarta-feira, 4 de dezembro, os Estados Unidos acordaram com a notícia de que Brian Thompson, diretor-executivo de uma das maiores seguradoras de saúde do país, foi morto a tiro à porta de um hotel em Manhattan, em Nova Iorque. No entanto, a morte trouxe pouca empatia e houve até quem brincasse com a situação. Porquê?

 

Brian Thompson, de 50 anos, trabalhava na United Healthcare há mais de 20 anos, tendo ocupado o cargo de diretor-executivo da empresa em 2021. Fundada em 1974, no Minnesota, a seguradora é a quarta maior empresa norte-americana cotada em bolsa em termos de vendas, com um conglomerado de seguros de saúde avaliado em 560 mil milhões de dólares.

Após a morte do diretor-executivo, foram várias as pessoas que brincaram com o ocorrido e fizeram trocadilhos com políticas de empresas de seguros. "Lamento, mas é necessária autorização prévia para pensamentos e orações" e "Ele tem um historial de tiroteios? Cobertura negada", são alguns dos comentários citados pela revista New Yorker

Um pedido de seguro de saúde recusado pode instantaneamente alterar a trajetória de uma vida para a falência, a miséria e a morte

Segundo explica Jia Tolentino, jornalista da New Yorker, "para a maioria dos norte-americanos, uma empresa como a UnitedHealthcare representa menos a prestação de cuidados médicos do que um obstáculo ativo à sua receção".

De acordo com dados do ValuePenguin, um site de defesa de consumidor especializado em seguros, em 2023, a empresa teve a taxa de recusa de indemnização mais elevada de todas as companhias de seguro privadas: 32%. A média do setor é de 16%.

"O assassínio de Thompson é um sintoma do apetite americano pela violência; o seu ramo de atividade é outro... Para as pessoas que não têm dinheiro ou ligações sociais em hospitais ou a capacidade de passar semanas a fio ao telefone, um pedido de seguro de saúde recusado pode instantaneamente alterar a trajetória de uma vida para a falência, a miséria e a morte", sublinhou Tolentino.

Por sua vez, Arwa Mahdawi, colunista no britânico The Guardian, colocou a questão: "Se encontrasse a pessoa que matou Brian Thompson, a) entregava-a à polícia ou b) continuava a viver o seu dia alegremente?"

Para Mahdawi, "99% dos Estados Unidos escolhiam a opção b", tendo em conta a "reação alegre" sobre a morte.

"Houve muitas histórias chocantes sobre como a UnitedHealthcare arruinou a vida das pessoas ao negar cobertura. O que não tem havido é muita simpatia para com o diretor-executivo da seguradora de 50 anos. Num país que não consegue concordar em muita coisa, muitas pessoas parecem concordar com a citação de Clarence Darrow: 'Nunca desejei a morte de um homem, mas já li alguns obituários com grande prazer'", escreveu num artigo de opinião, no sábado.

Explicando que "a recusa de pedidos de indemnização é aparentemente muito lucrativa" e que diretor-executivo ganhou mais de 10 milhões de dólares em 2023, a autora defendeu que "Thompson era o rosto de um sistema injusto que tramou milhões de pessoas" e que a sua morte foi resultado da "raiva contra um sistema injusto em que a elite raramente parece enfrentar quaisquer consequências pelos seus atos".

Do crime à detenção. Os detalhes do caso de CEO morto por aluno de elite

Do crime à detenção. Os detalhes do caso de CEO morto por aluno de elite

Brian Thompson foi morto a tiro à porta de um hotel em Nova Iorque. Cinco dias depois, as autoridades conseguiram deter o suspeito no estado da Pensilvânia. Eis os detalhes do caso de um CEO morto por um aluno de elite.

Notícias ao Minuto com Lusa | 08:48 - 10/12/2024

O suspeito do homicídio colocou-se em fuga após o crime e recorreu a uma bicicleta elétrica para se dirigir para o Central Park, onde foi avistado pela última vez pelas autoridades norte-americanas.

Na segunda-feira, cinco dias após a autoridade, foi detido num McDonald's da Pensilvânia após ser identificado por um funcionário. Trata-se de Luigi Mangione, um aluno de elite de 26 anos, que terá tido como motivação a política da seguradora.

Leia Também: Do crime à detenção. Os detalhes do caso de CEO morto por aluno de elite

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas