"O 'Comparar para Crescer' analisa a competitividade nacional em diversos prismas e em comparação com os denominados 'países concorrentes'": Espanha, Eslovénia, Estónia, Grécia, Hungria, Itália, Polónia e República Checa.
Estes países foram selecionados "por fazerem parte da União Europeia" e tendo em conta que, no ano 2000, apresentavam um PIB 'per capita' nominal próximo do de Portugal", explicou, num comunicado.
Segundo a BRP, "Portugal investiu nos últimos 15 anos sistematicamente abaixo da União Europeia (UE), sendo que esse diferencial equivale a mais de 40% do PIB português", disse a associação.
De acordo com a análise da associação, em 2024, "o investimento privado em Portugal correspondeu a cerca de 16% do PIB, constituindo o quarto nível de investimento mais baixo no grupo dos 'países concorrentes' e dois pontos percentuais abaixo da média da União Europeia".
A análise da BRP concluiu ainda que o investimento público português "representou apenas 3% do PIB, atrás da Estónia (7,3%), da Eslovénia (5,2%) e da Polónia (5%), tendo o nível mais baixo do grupo dos 'países concorrentes' a par de Espanha".
No documento, a BRP realçou ainda que "é urgente realizar mais investimento produtivo em Portugal, privado e público, para acelerar o crescimento económico do país, para aumentar a produtividade e a inovação, para que Portugal se posicione de forma distintiva na transição tecnológica e na transição energética".
A BRP acredita também que o "investimento em inovação fomenta o crescimento económico e o aumento da produtividade", salientando que, neste capítulo, "o capital de risco desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de um ecossistema de inovação dinâmico, financiando empresas em fases iniciais de crescimento e com elevado potencial tecnológico que muitas vezes não têm acesso a financiamento bancário tradicional".
No entanto, indicou, Portugal enfrenta "desafios significativos nesta área", tendo em conta o "reduzido volume de investimento em capital de risco, que representava apenas 6,8 pontos base (0,068%) do PIB em 2024".
Segundo o estudo, este valor está "substancialmente abaixo da média da União Europeia que é de 13,2 pontos base (0,132%) e muito aquém de países concorrentes como Espanha ou Estónia".
Para a BRP a "escassez deste tipo de financiamento limita a capacidade das empresas portuguesas de inovar, de criar modelos de negócio disruptivos e de escalar globalmente".
Por outro lado, o relatório "evidencia como o crescimento económico também passa pela desburocratização ou como a redução do garrote fiscal ('tax wedge') sobre os rendimentos do trabalho é instrumental para a atração e retenção de talento".
A BRP acredita que a medida IRS Jovem, "configurada para mitigar a fuga de talento jovem para outras economias e para manter e atrair esses mesmo talento para a economia nacional, dá passos nesse sentido, mas não cumpre com o pretendido". A associação lembra que "é uma medida de aplicação temporária, limitada a uma parte da população (os jovens)" e não se aplica "aos rendimentos de trabalho anuais brutos acima de 55 IAS (indexante dos apoios sociais), ou seja, 28.737,5 euros por ano".
Esta edição do 'Comparar para Crescer' conclui ainda que, "se Portugal tivesse uma taxa de tributação sobre o trabalho ajustada ao seu nível de rendimento médio na OCDE, o garrote fiscal ficaria nos 30,7%, isto é, menos 11,6 pontos percentuais face à realidade (42,3%)".
Segundo a associação, mesmo na comparação com os países concorrentes, como a Polónia (34,3%) e a Grécia (38,5%), "a diferença é muito significativa", sendo que "em Portugal, para um salário equivalente, os trabalhadores levem para casa um valor menor".
A BRP aponta ainda que o efeito deste garrote fiscal é mais evidente no setor das tecnologias de informação e comunicação (TIC), sendo que, em Portugal, "o salário horário médio neste setor é de 19,1 euros, colocando o país na 21.ª posição entre os países analisados".
A associação deu ainda destaque a pontos como a redução da burocracia e a competitividade energética.
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