Os resultados do exercício de 2024 da sociedade de gestão dos mercados regulamentados de Angola, apresentados hoje em Luanda, indicam que esta queda foi influenciada pelo decréscimo do volume de negócios, que atingiu os 5,1 mil milhões de kwanzas (5,14 milhões de euros), uma redução de 27% face a 2023.
O aumento do custo com o pessoal (12%) e outros custos operacionais (28%) contribuíram igualmente para a baixa dos resultados em 2024.
As rubricas de custo com pessoal, subcontratos, fornecimento e serviço de terceiros, depreciações e amortizações e licenças e taxas totalizaram 3,9 mil milhões de kwanzas (3,93 milhões de euros), mais 16% do que o verificado em 2023.
O EBITDA (resultados antes dos juros, taxas, depreciação e amortização) registou uma descida de 49%, e ativo líquido totalizou 9,7 mil milhões de kwanzas (cerca de 9,78 milhões de euros), representou uma redução de 3% em relação ao ano anterior.
De acordo com a Bodiva, os resultados alcançados "refletem não apenas a dinâmica do mercado, mas também os desafios impostos pelo contexto económico e financeiro, que condicionaram o comportamento dos investidores e a liquidez do mercado".
"A conjuntura macroeconómica adversa, marcada por alterações na estratégia de gestão da dívida pública e pela adaptação ao novo modelo de intermediação, influenciou o volume de negociação e os indicadores financeiros da Bodiva", salienta a sociedade gestora do mercado de capitais angolano.
Sobre a dinâmica de mercado em 2024, o primário registou a admissão à negociação da ENSA, empresa seguradora, e a Oferta Pública de Venda da ACREP, empresa petrolífera angolana.
"Esta variação deve-se, essencialmente, à alteração na estratégia de gestão da dívida pública e à adaptação dos novos membros ao modelo de intermediação", explica a Bodiva.
O montante negociado por tipologia de valor mobiliário foi predominado pelas operações de reporte com 48,75%.
Relativamente à distribuição de dividendos, 2024 foi "o ano com o menor valor absoluto distribuído", devido à entrada em bolsa da Bodiva no período em referência.
Perante um resultado líquido obtido, "os acionistas aprovaram a seguinte aplicação: 27% para reservas legais, reforçando a solidez e a sustentabilidade financeira da instituição; 29% para resultados transitados, destinados a financiar projetos estratégicos de desenvolvimento e consolidação da Bodiva enquanto entidade cotada; 44% para dividendos, refletindo o compromisso contínuo com a remuneração dos acionistas", refere-se na nota.
A Bodiva destaca que a retenção parcial dos lucros não só garante os recursos necessários para o reforço da capacidade técnica, operacional e estratégica, como também sustenta a sua evolução num momento determinante para a consolidação do mercado de capitais angolano.
Para este ano, a sociedade gestora dos mercados regulamentados de Angola reforça o compromisso da diversificação e dinamização do mercado de capitais, promovendo a admissão à negociação de novas empresas e estimulando o investimento de retalho e institucional, nacional e estrangeiro.
A taxa média anual de crescimento da Bodiva registada nos últimos oito anos foi de 69,94%.
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