Paolo Zanghieri, economista sénior da Generali Investments, aponta que a "extrema incerteza desencadeada pelos primeiros movimentos da nova administração dos EUA representa riscos para o emprego e para a inflação numa economia que ainda mostra uma procura doméstica saudável e uma inflação estável", numa nota de análise.
Perante esta incerteza, a Fed deve continuar com uma pausa nos cortes de taxas na próxima reunião de quarta-feira, defende o economista, apontando que ainda antecipa dois cortes de taxas este ano, enquanto as expectativas dos mercados são aproximadamente três reduções.
"O mercado de taxas está atualmente a prever um corte inicial de 25 pontos base nas taxas da Fed em junho, com um total de 70 pontos base de cortes nas taxas previstos para este ano", salienta também a Xtb, numa antecipação.
A Xtb tem igualmente a expetativa de que a Fed "mantenha a sua taxa de juro inalterada na próxima semana nos 4,25% - 4,50%", sendo que "as projeções podem ainda indicar mais dois cortes de 25 pontos base nas taxas em 2025".
A equipa de analistas da corretora destacou ainda que na última reunião, a Fed "deu a entender que não tem pressa em cortar as taxas novamente, pois avalia o impacto das políticas comerciais e de imigração do presidente Donald Trump".
O BPI Research também sinaliza, numa análise, a expectativa de que "a Reserva Federal mantenha a taxa fed funds no intervalo 4,25%-4,50% na próxima reunião de 18 e 19 de março, dando continuidade à postura cautelosa que adotou desde o início do ano".
A equipa do BPI considera, assim, que a Fed vai manter o "tom cauteloso na estratégia de política monetária", esperando por mais dados para "avaliar adequadamente o impacto das políticas económicas da Casa Branca, bem como mais meses de bons dados sobre a inflação, antes de tomar qualquer medida".
A reunião de dois dias da Fed arranca hoje e termina esta quarta-feira, sendo seguida por uma conferência de imprensa do presidente do banco central, Jerome Powell, para explicar a decisão tomada.
A Fed cortou os juros três vezes em 2024 - em setembro, novembro e dezembro -, começando 2025 com uma pausa nas reduções, em janeiro.
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