O presidente da rede europeia de bolsas Euronext, Stéphane Boujnah, explicou hoje que as atuais prioridades ambientais, sociais e de governação que regem os critérios de investimento, conhecidos pela sigla "ESG", têm que acrescentar as prioridades relativas ao aprovisionamento energético, à segurança e à geoestratégia.
"Vamos organizar uma transição entre os ESG de hoje e os ESG do futuro", sublinhou Boujnah num encontro com os meios de comunicação social, no qual insistiu que estas prioridades são uma condição para que as democracias europeias sobrevivam no contexto atual, especialmente tendo em conta as ameaças colocadas pela Rússia.
Nas próximas semanas, serão estabelecidas as "condições de coexistência" entre o ESG tradicional (um guia para investimentos em setores social e ecologicamente responsáveis) e o novo ESG, que incluirá a energia, a segurança e a geoestratégia.
Na opinião do presidente, esta questão "está madura" no mercado para ser levantada e deverá ser abordada na reunião convocada para esta quinta-feira pelos ministros franceses da Economia, Éric Lombard, e da Defesa, Sébastien Lecornu, com a indústria de armamento francesa e os investidores para analisar as necessidades de investimento e a forma de angariar capital.
Lombard sublinhou que, para reforçar a indústria da defesa, é necessário "mobilizar todos os investidores privados, eliminando os vários obstáculos ao seu financiamento".
"As políticas ESG não podem ser um obstáculo ao financiamento das nossas empresas do setor da defesa", afirmou o ministro, que justificou as alterações ao sistema para garantir "liberdade".
Boujnah disse estar convencido de que a Euronext é "um importante contribuinte" para o reforço da defesa europeia, porque os mercados têm algo a contribuir, convicto de que "o rearmamento da Europa não será feito apenas com mais despesas públicas".
França é o segundo maior exportador de armas do mundo, a seguir aos Estados Unidos, e pretende retirar benefícios económicos da convicção dos europeus, após a chegada de Donald Trump à Casa Branca, o país europeu acredita que se deve construir um sistema de defesa próprio que não seja tão dependente dos Estados Unidos.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apela aos outros países europeus para que substituam as compras de equipamento militar norte-americano por compras de equipamento europeu, o que irá necessariamente beneficiar em grande medida as empresas francesas.
A Federação Francesa de Bancos (FBF) afirmou em comunicado hoje que os seis principais bancos franceses (BNP Paribas, Crédit Agricole, Société Générale, BCPE, Crédit Mutuel e Banque Postale) apoiam as empresas de armamento com 37 mil milhões de euros, um valor que aumentou "significativamente" desde 2021.
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