"Os próximos 25 anos são uma janela de oportunidade crucial para os países mais pobres --- e o resto do mundo tem grande interesse em ajudá-los a sair da pobreza", disse o economista-chefe e vice-presidente para Economia do Desenvolvimento do Grupo Banco Mundial, Indermit Gill, citado num comunicado que apresenta as primeiras conclusões do relatório 'Perspetivas Económicas Globais', que será divulgado em janeiro.
"Os países pobres da atualidade enfrentam um obstáculo maior do que seus antecessores, já que, nos últimos 15 anos, praticamente não houve crescimento no seu rendimento per capita", acrescentou Indermit Gill, notando que há exemplos de países asiáticos que mostram que, "com algum apoio internacional e melhores políticas internas, mesmo os países devastados por guerras e instabilidade podem criar as condições para o progresso económico sustentado".
A análise do Banco Mundial é a primeira que olha de forma global e sistemática para a evolução dos países mais pobres nos últimos 25 anos e perspetiva o que será preciso para que estes 26 países, 22 dos quais estão em África, consigam avançar para o estágio seguinte.
Os analistas reconhecem que estes países "enfrentam limitações maiores que os antecessores", nomeadamente em termos de conflitos ou vulnerabilidade climática, endividamento ou situação geográfica, mas salientam que têm também vantagens competitivas.
"Esses países também detêm importantes recursos naturais que poderiam impulsioná-los para um padrão de vida mais elevado; com mais de 60% e 50% das reservas mundiais conhecidas de cobalto e grafite, respetivamente, os atuais países de baixo rendimento possuem alguns dos maiores depósitos conhecidos de metais e minerais necessários para gerar e armazenar energia renovável, e o seu potencial de produção de energia solar está entre os mais altos do mundo", lê-se no documento, que aponta ainda a população em idade ativa como "uma força poderosa para o crescimento económico".
De acordo com a classificação do Banco Mundial, os países são divididos em quatro categorias: rendimento baixo, rendimento médio inferior, médio superior e países de rendimento elevado.
No caso dos países lusófonos, apenas a Guiné-Bissau e Moçambique são países de baixo rendimento, conhecidos pelo acrónimo em inglês LIC (Low-Income Countries), ao passo que Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são países de rendimento médio inferior, à semelhança de Timor-Leste.
O Brasil e a Guiné Equatorial são considerados países de rendimento médio superior, enquanto Portugal é o único país da lusofonia considerado um país de rendimento elevado.
Para definir estas categorias, o Banco Mundial utiliza o valor do Rendimento Nacional Bruto per capita, que se traduz essencialmente pelo rendimento auferido por cada pessoa num determinado ano.
Assim, países em que a média das pessoas receba anualmente menos de 1.145 dólares (1.091 euros) são de rendimento baixo, e entre 1.146 (1.092 euros) e 4.515 dólares (4.302 euros) são países de rendimento médio inferior.
Depois, países com um rendimento médio anual de cada pessoa entre 4.516 (4.303 euros) e 14.005 dólares (13.343 euros) são países de rendimento médio superior, e acima deste valor o país está classificado na categoria mais elevada: rendimento elevado.
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