A inflação na zona euro atingiu um pico de 10% em outubro de 2022, um aumento de preços explicado com a recuperação que surgiu após a pandemia de covid-19 e que se agravou com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro desse ano, que levou à subida dos preços da energia.
Desde então a inflação tem vindo a recuar, aproximando-se gradualmente da meta de 2% fixada pelo Banco Central Europeu (BCE).
Em junho, a instituição liderada por Christine Lagarde, que manteve durante algum tempo as taxas de juro em níveis considerados restritivos, com a principal taxa de juro de refinanciamento em 4,5%, a taxa de depósitos em 4% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 4,75%, começou a descê-las.
Voltou a aprovar cortes de 25 pontos base em setembro e em outubro, aliviando o crédito para as famílias e as empresas.
Atualmente a taxa de depósitos, de referência, está em 3,25% e as taxas de juro aplicáveis às principais operações de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez ficaram em 3,40% e 3,65%, respetivamente.
No entanto, na conferência de imprensa que se seguiu à última reunião do BCE, em outubro, Lagarde sublinhou que a batalha contra a inflação ainda não foi vencida.
"Já quebrámos o pescoço à inflação? Ainda não, mas acho que estamos perto de conseguir fazer isso", afirmou.
Mais tarde e com a mesma prudência, a Reserva Federal (Fed) norte-americana optou por começar em setembro a cortar as taxas de juro, depois de as ter mantido no nível mais alto em mais de 20 anos, entre 5,25% e 5,50%, durante um ano para conter a inflação.
Começou com um corte de 50 pontos base e em novembro voltou a aprovar uma redução, mas mais moderada de 25 pontos base. Atualmente, a taxa dos fundos federais situa-se no intervalo entre 4,5% e 4,75%.
"A inflação diminuiu consideravelmente", afirmou o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, após a última reunião da Fed, mas "o trabalho ainda não terminou".
Nos Estados Unidos, a inflação atingiu um pico de 9,5% em junho de 2022, após a reabertura da economia mundial a seguir à pandemia de covid-19. Em outubro, estava em 2,3%, segundo o índice de preços PCE, o mais seguido pela Fed.
Numa altura em que o BCE já tinha começado a flexibilização da sua política monetária e quando a Fed ainda deixava as taxas inalteradas, o Banco de Inglaterra baixou em agosto a sua principal taxa de juro em 25 pontos base, para 5%, a primeira descida desde março de 2020.
Em novembro, voltou a aprovar um corte de 25 pontos base, para 4,75%, face à tendência de descida da inflação.
"Se a economia evoluir como esperamos, é provável que as taxas de juro continuem a cair gradualmente a partir de agora", declarou o governador da instituição monetária, Andrew Bailey, reiterando a importância de "não reduzir as taxas com demasiada rapidez" para manter a inflação perto do objetivo de 2%.
A inflação homóloga no Reino Unido caiu para 1,7% em setembro, o nível mais baixo em três anos.
No mesmo sentido, o Banco do Canadá aprovou em outubro uma descida de 50 pontos base na sua taxa de juro, deixando-a em 3,75%, o quarto corte decidido pela autoridade monetária canadiana desde junho passado. As três anteriores descidas tinham sido de 25 pontos base.
Meses antes, em março, o Banco Nacional da Suíça, tinha causado surpresa ao baixar pela primeira vez em dois anos a sua taxa de juro diretora para 1,50%, tendo em conta o recuo da inflação. A taxa estava anteriormente em 1,75%.
Nas reuniões dos bancos centrais que vão decorrer em dezembro é provável que sejam decididas novas reduções e que as taxas de juro terminem o ano mais baixas.
Contrariando esta tendência, o Banco do Japão deixou inalterada em outubro a sua taxa diretora em 0,25%, depois de a ter aumentado duas vezes este ano, a partir de março, pondo fim a dez anos de política monetária ultra-acomodatícia.
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