No relatório final da avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto, que terá o nome do poeta Luís de Camões, a CTI apontava como solução mais vantajosa a construção de uma infraestrutura única em Alcochete, sinalizando também como viável a opção Vendas Novas e uma possível solução dual transitória Humberto Delgado + Santarém.
O Governo teve em consideração a localização do Campo de Tiro de Alcochete em terrenos públicos, enquanto Vendas Novas requereria expropriações, e a possibilidade de crescer de duas para quatro pistas, caso haja necessidade no futuro.
O executivo destacou ainda a maior proximidade de Alcochete a Lisboa, face a Vendas Novas, bem como às principais vias rodoviárias e ferroviárias, permitindo descentralizar o tráfego do centro da capital.
Para a decisão pesou também a possibilidade de acomodar os planos de expansão da TAP, apontando que as soluções duais podiam comprometer a sustentabilidade do 'hub' (plataforma de distribuição de voos).
O Campo de Tiro da Força Aérea, também conhecido como Campo de Tiro de Alcochete (pela proximidade deste núcleo urbano), fica maioritariamente localizado na freguesia de Samora Correia, no concelho de Benavente (distrito de Santarém), tendo ainda uma pequena parte na freguesia de Canha, já no município do Montijo (distrito de Setúbal).
Em 2025, segundo a proposta de Orçamento do Estado, o Governo vai avançar com a execução de "estudos de base" para sustentar as soluções técnicas na implementação do novo aeroporto.
O Governo estima que o Aeroporto Luís de Camões entre em funcionamento em 2034, mostrando-se menos otimista do que a CTI, que apontava a conclusão da primeira pista para 2030 e um custo total da obra de 6.105 milhões de euros.
"2030 e 2031 temos de dizer aos portugueses com clareza que não é possível. Para nós, um prazo de 10 anos, 2034, será razoável", afirmou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.
Quanto ao custo, o Governo também considera que a CTI está demasiado otimista, e estima que fique algures entre o valor apontado pela comissão liderada por Rosário Partidário e os 8.000 a 9.000 milhões estimados pela ANA Aeroportos.
Miguel Pinto Luz garantiu que é compromisso do Governo que os custos do novo aeroporto não afetem o Orçamento do Estado.
"Acreditamos que é possível pagar este investimento com os recursos libertados pela concessão, até ao fim da concessão", salientou o ministro.
Segundo o Governo, será feito o lançamento do processo com a concessionária aeroportuária, a ANA/Vinci, para aferir a cronologia para o desenvolvimento do novo aeroporto, "estudar a solução técnica de modelo flexível", o modelo de acessibilidades, detalhar o investimento total necessário do novo aeroporto de Lisboa, "estudar um modelo de financiamento sem aporte do Orçamento do Estado" e "avaliar o modelo de transferência do tráfego do Aeroporto Humberto Delgado, após a entrada em operação do novo".
O presidente do Conselho de Administração da ANA, José Luís Arnaut, garantiu que a gestora aeroportuária vai cumprir escrupulosamente os prazos para candidatura à construção do Aeroporto Luís de Camões.
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