Rui Rocha, que marcou presença na preparação do jantar de beneficência da Irmandade de São Crispim e São Crispiniano, em Guimarães, distrito de Braga, disse aos jornalistas que "não vale a pena continuar" a dramatizar-se a ação policial realizada na zona do Martim Moniz, em Lisboa, defendendo que o país deve apostar no policiamento de proximidade.
"Além deste tipo de ações, que haja, sobretudo, um investimento do país em polícia de proximidade, porque isso é que é fundamental. Estas ações pontuais podem gerar espetáculo, podem, em alguns casos, até permitir fazer detenções, encontrar material ilegal, tudo isso é normal que aconteça. Mas é o policiamento de proximidade que deve ser a prioridade do país. Já temos política espetáculo, agora parece que queremos ter polícia espetáculo. Acho que devemos resistir a essa tentação de politizar a polícia", frisou o líder da IL.
Para Rui Rocha, a PSP deve "fazer o seu trabalho" sem que os "atores políticos" estejam sempre a comentar ou a falar sobre as operações policiais.
"Estamos há dias a comentar uma ação policial, começa a ser um disparate a certa altura (...). Estamos a falar de uma ação que é apresentada como sendo normal, de rotina e temos o país todo a discutir o que é que está bem, o que é que está mal. Isso é o pior que pode acontecer para que o polícia faça o seu trabalho, para que os cidadãos encontrem segurança", sublinhou.
Sobre a operação policial no Martim Moniz, o líder da IL considera que mais irão acontecer no futuro, salientando que o importante é que este tipo de ações "tenha um propósito e que não seja instrumentalizado politicamente, nem por uns, nem por outros".
"Da mesma maneira que me parece uma reação absolutamente exagerada daqueles que criticam esta ação policial, também me parece um exagero que o primeiro-ministro assuma agora as vezes de porta-voz ou de diretor da polícia. Penso que todos ganharemos se não houver politização destas ações e que tudo decorra com normalidade, preservando a segurança dos portugueses, e preservando também os direitos, liberdades e garantias", vincou Rui Rocha.
Questionado sobre se há o risco de o Governo instrumentalizar a PSP, o presidente da IL entende que "haveria vantagem" em que, sempre que há uma ação policial apresentada como de rotina, de iniciativa das próprias polícias e supervisionadas por magistrados, o primeiro-ministro "não aparecesse sistematicamente como se fosse diretor da polícia".
"Porque, depois, as consequências são as que estamos a ver: é a politização deste tipo de ações e penso que isso não traz vantagem a ninguém e o que queremos é um país seguro para todos. E a polícia deve fazer o seu trabalho, com recato, sem demasiada ostentação por parte dos políticos, que parecem estar, de um lado e de outro, a querer aproveitar-se da situação", acrescentou Rui Rocha.
Sobre o inquérito aberto pela Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) à operação policial do Martim Moniz, levada a cabo na quinta-feira, 19 de dezembro, o líder da IL disse ser normal neste tipo de situações.
"Penso que é importante que se esclareçam as condições em que este tipo de intervenções é feito. Queremos segurança no país, queremos um país seguro. As polícias têm obviamente um papel muito importante. Também queremos que sejam respeitadas as garantias, os direitos e as liberdades dos cidadãos e, portanto, parece-me um procedimento natural", afirmou Rui Rocha.
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