"Posso ser eu". Sem anúncio, almirante 'marcha' a caminho de Belém?

Até Belém, ainda há outras urnas onde votar - em maio, as Legislativas antecipadas, no final do ano, as Autárquicas -, mas os nomes para a corrida à Presidência da República já estão em discussão.

Para além de Luís Marques Mendes, que já apresentou a sua candidatura, a discussão 'divide-se' entre o Partido Socialista (PS) - que ainda decide quem vai apoiar -, e o 'suspense' deixado pelo almirante Gouveia e Melo, que remeteu o anúncio sobre a decisão para depois das Legislativas.

Entre as sondagens que o apontam como o preferido dos portugueses, a recusa do almirante em "emprestar a farda aos políticos" e o registo da marca 'Gouveia e Melo Presidente', o antigo chefe do Estado Maior da Armada já 'brinca' com a situação.

Na quinta-feira, e sem candidatura à presidência, Gouveia e Melo colaborava com a sociedade civil, falando de liderança e do que era preciso para que esta existisse, com a ética a ser um dos "valores fundamentais."

No International Club of Portugal, Gouveia e Melo falou principalmente sobre geoestratégia mundial mas, na sua intervenção, também procurou negar que tenha uma visão autoritária do sistema político, ou que possua uma cultura antipartidos, assente num ideário messiânico relativamente ao futuro de Portugal.

Gouveia e Melo defendeu a tese de que na nova ordem mundial impera a lei do mais forte e apontou: "Temos que estar preparados para viver nesse mundo. E quem pensar que não será assim, é só uma questão de tempo para acordar."

"Um dos valores básicos da liderança é a ética", diz Gouveia e Melo

O almirante Gouveia e Melo afirmou hoje que Portugal precisa de uma liderança com ética que olhe para o mundo e não para o umbigo perante uma nova ordem mundial caracterizada pela lei do mais forte.

Lusa | 16:15 - 27/03/2025

No mesmo almoço de debate, o almirante alongou-se para outros temas, como o da justiça. Sobre este tema, considerou que "a única tentação em que o poder judicial não pode cair é numa justiça de pelourinho", ou seja, "uma justiça mediatizada, porque isso corrói o próprio sentido de justiça".

Porém, mais do que sobre justiça, o almirante foi sobretudo confrontado com questões relativas sobre ao "comportamento da classe política". Neste ponto, Gouveia e Melo lamentou que "se ande a discutir o comportamento do político A, do B, do C", parecendo "que não interessa discutir quais são as opções políticas".

"Vamos correr o risco de discutir se fulano A, B ou C é mais imaculado?"

O almirante na reserva Gouveia e Melo defendeu hoje que na campanha das próximas eleições legislativas se deve discutir propostas e não se o político "A" é mais imaculado do que o adversário, e recusou ser antipartidos ou autoritário.

Lusa | 17:01 - 27/03/2025

E quanto a uma ida a votos?

Apesar de já ter remetido a decisão de uma candidatura a Belém para pós-eleições legislativas, Gouveia e Melo já 'brinca' perante a curiosidade de Portugal que, segundo sondagens, o escolhe para Belém. Sob os holofotes e na 'mira' da comunicação social, o antigo militar já vai desvendando alguns 'e se', tal como aconteceu na quarta-feira.

"Não sou adepto de uma revolução, já não tenho idade para ser revolucionário. Sou adepto de uma evolução e a evolução só é feita com todos nós. Não estou a dizer que vá concorrer à Presidência, mas se pensarem que, votando em mim, não precisam de fazer nada, porque os vossos problemas vão ser resolvidos por aquele milagreiro que vai assumir a Presidência, não votem em mim, por favor", advertiu no mesmo almoço, acrescentando que perante o cenário, o melhor é votar "noutro milagreiro qualquer, porque não [é] esse milagreiro."

"Se querem um salvador, por favor vão encontrar esse salvador. Se querem um indivíduo que vá andar convosco, colaborar convosco e tentar juntar as forças do grupo, eventualmente posso ser eu, porque ainda não decidi - supostamente", disse, entre risos.

"Se pensarem que, votando em mim, não precisam de fazer nada, não votem"

O almirante, que é apontado como um dos potenciais candidatos ao cargo atualmente ocupado por Marcelo Rebelo de Sousa, lançou que devem votar "noutro milagreiro qualquer, porque não [é] esse milagreiro".

Notícias ao Minuto com Lusa | 17:03 - 27/03/2025

Saliente-se que, no período de perguntas, o presidente do International Club of Portugal questionou-o quando tenciona apresentar a sua candidatura presidencial, mas Gouveia e Melo não se moveu.

"Essa é uma pergunta com o rabo de fora, porque se eu respondesse sobre a data, imediatamente estaria a dizer que me iria candidatar", começou por declarar, provocando risos na plateia.

Gouveia e Melo 'fecha' semana com mais um artigo de opinião

Depois do artigo publicado no Expresso, considerado por muitos, inclusive Marques Mendes, um declaração de candidatura, o almirante escreveu um artigo de opinião para o jornal SOL, intitulado 'Não temos de ser pobres'. Na publicação, Gouveia e Melo elege a prosperidade, equidade, segurança e liberdade como temas centrais mais relevantes nas próximas eleições legislativas.

No artigo, dividido por áreas e semelhante a um programa eleitoral, defende que os partidos devem ser "claros e objetivos" nas suas propostas, "sem demagogias ou evitando discutir problemas difíceis".

"Só com informação adequada os portugueses poderão tomar decisões conscientes", escreve Gouveia e Melo.