"O homem que rebentou com o seu Governo vem vender-nos estabilidade"

O historiador recordou que o país se encontra mergulhado numa nova crise política devido à "falta de ética de Luís Montenegro", que decidiu "avançar, depois de duas moções de censura rejeitadas, para uma moção de confiança, que ele sabia que seria rejeitada".

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Notícias ao Minuto
27/03/2025 22:36 ‧ há 3 dias por Notícias ao Minuto

Política

Livre

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, considerou, esta quinta-feira, que o primeiro-ministro cessante, Luís Montenegro, será “um problema para o nosso país”, tendo em conta a sua “falta de ética”.

 

“É preciso afastar Luís Montenegro. Creio que Luís Montenegro vai ser um problema para o nosso país; é um problema muito sério, que teremos tempo de discutir durante estas semanas. […] As notícias vão continuar a sair, porque o padrão de comportamento é este, e isso é mau para o país”, disse, em entrevista à RTP3.

O historiador recordou, nessa linha, que o país se encontra mergulhado numa nova crise política devido à “falta de ética de Luís Montenegro”, que decidiu “avançar, depois de duas moções de censura rejeitadas, para uma moção de confiança, que ele sabia que seria rejeitada”.

“No Parlamento, vimos Luís Montenegro a tentar moldar uma Comissão Parlamentar de Inquérito da forma que lhe convinha e isso leva a umas eleições antecipadas que ele quis e com as quais acaba por, de certa forma, chantagear as pessoas. Num momento em que avança para uma moção de confiança, que sabe que vai ser rejeitada, parece que vai cair sobre a espada. Mas, depois, é como se se levantasse e nos apontasse a espada e dissesse, ‘absolvam-me, porque se não me absolverem, teremos instabilidade’”, acusou.

Rui Tavares sublinhou que, agora, o chefe do Governo “está a vender-nos estabilidade”, quando, há um ano, “estava a vender-nos ética”.

“Luís Montenegro tinha um cartaz que dizia, ‘faltas de ética, estamos todos fartos, não se aguenta mais, vota na AD’. Agora, vale a pena perguntar, correu bem? Quem comprou ética, votando em Luís Montenegro, há um ano, voltaria a comprar ética ao mesmo homem? […] O homem que, há poucas semanas, rebentou com o seu próprio Governo, porque não queria responder a umas perguntas no Parlamento, vem vender-nos estabilidade. Se a estabilidade dele for tão boa como a ética dele, estamos fritos”, disse.

O responsável reconheceu que não é possível que “o elefante não está no meio da sala” durante a campanha eleitoral, uma vez que “a primeira pergunta que as pessoas fazem na rua é porque é que estamos a ir a eleições de novo”. Salientou, assim, que a falta de ética de Montenegro revela-se “nas coisas grandes e pequenas”, entre elas os debates entre os líderes partidários.

“Luís Montenegro arroga a vontade de decidir que debate com Paulo Raimundo, que tem quatro deputados, mas não debate com Mariana Mortágua, que tem cinco. Manda Nuno Melo, que foi eleito em coligação, debater com Inês Sousa Real, que foi eleita sozinha, e nem estou a falar do meu caso. Significa que é o mesmo tipo de forma de procurar interferir em regras do jogo que não deve ser o candidato a primeiro-ministro a definir”, apontou.

O parlamentar admitiu que uma reedição da Geringonça “é um tema de conversa que, à Esquerda, é frequente”, ao mesmo tempo que considerou ser necessário “fazer justiça à Geringonça”.

“Foi o único Governo que durou até ao fim, recuperou direitos sociais e tinha uma dinâmica de negociação que era muito dura, mas que era às claras. As pessoas viam que, dessa maioria de negociação, saia qualquer coisa”, lembrou.

Na ótica do porta-voz do Livre, “a Esquerda tem de voltar a habituar-se a propor futuro”, já que “não o tem feito”. “De tanto defender, é um bocado como as equipas de futebol: acabamos a recuar”, lamentou.

“É verdade que os socialistas tiveram no poder oito anos. É demasiado cedo, numa lógica de calendário, para uma nova mudança de ciclo político, uma nova polaridade vir para a Esquerda, quando ainda há pouco tempo transitou para a Direita. Mas acho que uma defesa do Estado de Direito, a democracia, do diálogo parlamentar, em vez de normalizar o insulto e o ódio na Assembleia da República, normalizar o respeito e o trabalho em conjunto […], acho que é esse tipo de metodologia que é preciso introduzir na vida política em Portugal”, defendeu.

Rui Tavares elencou, assim, ser necessário que Portugal disponha de “um normal sistema parlamentar em que se procurem convergências, formas de governação, dentro de famílias políticas que tenham afinidade”.

“Havendo uma maioria progressista, o Livre será certamente parte da solução. Agora, é mais possível, neste momento, ter estabilidade com uma maioria progressista, votando para afastar a instabilidade que a Direita trouxe. A Direita não se entende, porque PSD e Chega, se conseguirem formar um Governo, é um Governo que é feito às avessas daquilo que os portugueses desejaram e um risco para a democracia, e porque um Governo PSD-IL estaria dependente de uma reviravolta total”, salientou.

Leia Também: Montenegro "escolhe a dedo" com quem debater? A polémica (e reações)

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