PCP quer ouvir ministro da Educação na AR sobre aumento das propinas

O PCP requereu hoje a audição do ministro da Educação sobre o eventual descongelamento do valor das propinas a partir de setembro de 2026, advertindo que contribuiria para que mais estudantes deixem de aceder ao ensino superior.

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Lusa
10/01/2025 16:34 ‧ há 4 horas por Lusa

Política

AR

Num requerimento dirigido à presidente da comissão parlamentar de Educação e Ciência, a deputada do Chega Manuela Tender, o PCP indica que, no início desta semana, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, admitiu "o descongelamento e consequente aumento do valor das propinas, em função das conclusões da avaliação do sistema de ação social".

 

"Posteriormente, clarificou aos meios de comunicação que o eventual descongelamento deverá constar na lei de Orçamento do Estado para 2026, aplicando-se apenas no ano letivo de 2026/2027", lê-se no texto.

O PCP salienta que várias associações de estudantes manifestaram discordância com esse eventual descongelamento, que "poderá contribuir para que mais estudantes vejam o seu direito a aceder ao ensino superior negado e que muitos abandonem por falta de recursos económicos".

Para o partido, "esta intenção é mais um passo para a desresponsabilização do Estado enquanto garante de um ensino superior público, gratuito e de qualidade".

"A lógica subjacente a esta intenção é que o investimento no ensino superior deve ser um investimento individual do estudante que o frequenta e não um investimento que deve ser nacional e coletivo", critica o partido.

O PCP defende que o "investimento em quadros superiores é condição para um verdadeiro desenvolvimento no país" e considera que esse financiamento deve ser feito "fundamentalmente via Orçamento do Estado, garantindo sempre a gratuitidade aos mais altos graus de ensino".

O partido frisa ainda que a Constituição da República, no seu artigo 74, estipula que o Estado deve "estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino" e recorda que as propinas atingiram o seu valor máximo em 2015 (1.063 euros), que foi depois "reduzido progressivamente com a intervenção do PCP".

O PCP considera assim que importa discutir em comissão "o que irá significar um descongelamento do valor das propinas, numa altura em que as condições de vida dos estudantes e das famílias se agravaram, nomeadamente com os altos custos no alojamento".

Esta quarta-feira, o ministro da Educação, Ciência e Inovação admitiu a possibilidade de descongelar o valor das propinas no ensino superior a partir do próximo ano letivo, em função das conclusões da avaliação do sistema de ação social.

Em declarações aos jornalistas no final de uma ronda de reuniões com sindicatos sobre a revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), Fernando Alexandre foi questionado sobre o descongelamento do valor das propinas, uma possibilidade que tinha levantado em entrevista à RTP3, tendo respondido que esse não representa o principal custo associado à frequência do ensino superior.

"O que temos de garantir é que, tendo em conta a situação financeira dos alunos e da sua família (...), os alunos têm condições para aceder ao ensino superior e para ter um percurso académico bem-sucedido", afirmou.

Esta quinta-feira, Fernando Alexandre esclareceu que um eventual descongelamento do valor das propinas só entrará em vigor em 2026, aplicando-se apenas a partir de setembro.

Leia Também: PCP acusa Governo de "ficar de braços cruzados" com fecho da Tupperware

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