A deputada socialista Isabel Moreira assinalou, esta segunda-feira, o quarto aniversário do ataque ao Capitólio, que ocorreu a 6 de janeiro de 2021, e fez uma comparação com as políticas do Governo de Luís Montenegro.
"A invasão do Capitólio aconteceu há exatamente 4 anos. Nesse dia pensou-se em quem não tomou partido. Pensou-se que talvez nunca mais. Pensou-se que se pensaria em quem fala no 'sistema' dentro do 'sistema' e aplaude Trump e afins e usa a polícia, nesse dia em que um polícia morreu (nos dias seguintes alguns polícias suicidaram-se)", começou por referir na rede social Facebook.
A socialista considerou que, nesse dia, "pensou-se que nunca mais se daria grande votação a quem incita a um crime destes para tentar subverter uma decisão democrática".
"Entretanto houve eleições nos EUA e por cá os de sempre apoiaram Trump, mas os hesitantes de então insistiram em hesitar. Uma indecisão, em pessoas da Aliança Democrática, entre Trump e Kamala. Escolha 'difícil". Entre a barbaridade e o estado de direito. Uma decisão 'difícil'", atirou.
E explicou: "Talvez porque sabiam que iam ter de ficar 'perplexos' com as reações à 'operação preventiva' no Martim Moniz dirigida a determinados imigrantes não brancos. Talvez porque sabiam que iam ter de falar ao país às 20h sobre 'insegurança' sem factos e anunciar operações policiais".
Na publicação, Isabel Moreira sublinhou o facto de o Governo "associar imigração e aumento da criminalidade", usar o "slogan das 'portas escancaradas'" e "revogar a manifestação de interesses sem mais e vedar a imigrantes irregulares o acesso ao SNS, ainda que residentes, a descontarem para a segurança social".
"Talvez porque soubessem que a Direita clássica que encostava a extrema-direita a um lugar de não comunicação era para esquecer. Foi essa a grande substituição", acrescentou.
Em causa está o facto de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter afirmado, a 27 de dezembro, que ficou "perplexo" com a forma como o Governo foi criticado pela operação da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Martim Moniz, em Lisboa.
"Acho impróprio que se considere que ações de natureza preventiva, em contexto localizado, onde há história em prática reiterada de crime, sejam uma expressão de governação extremista", disse o primeiro-ministro, afirmando-se "atónito" e "perplexo" com as reações que têm surgido em "discussão pública a propósito da força do estado em garantir a tranquilidade das pessoas, em garantir uma prevenção de condutas criminais".
Posteriormente, numa entrevista ao Diário de Notícias, admitiu que não gostou de ver as polémicas imagens com as pessoas encostadas à parede, de mãos ao alto, sob supervisão da polícia.
"No sentido visual, não gostei de ver. É uma situação anómala, que não é o dia a dia. Mas devo dizer outra coisa, com a mesma honestidade: lembro-me de ter visto muitas mais imagens daquelas. Até noutro tipo de operação policial, de rusgas, nomeadamente, com fenómenos ligados à noite, discotecas que foram alvo de rusgas em que as pessoas, normalmente miúdos e miúdas, jovens, saíram e tiveram que fazer o mesmo que estas pessoas", acrescentou.
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