Num debate parlamentar em plenário marcado pelo Chega sobre o estado da segurança em Portugal, José Luís Carneiro, antigo ministro da Administração Interna, sublinhou a evolução positiva da posição de Portugal na lista dos países mais pacíficos do mundo ao longo dos últimos anos e a descida no número de crimes violentos e participações criminais, mas frisou a necessidade de "considerar os fluxos que o país tem conhecido"
Carneiro lembrou que o aumento, por exemplo, do turismo, trouxe maior exigência para as forças de segurança, a Administração Interna e a Justiça e manifestou a disponibilidade do PS para "cooperar, aperfeiçoar e melhorar o sistema de segurança interna" por considerar que ainda há "muito a fazer".
"Onde alguns procuram lançar o conflito e a competição e a clivagem, estamos aqui para dizer que só com cooperação é que o país continuará a ter no futuro esta marca de país pacífico e seguro. Sabemos bem que há aqueles que medram no caos, mas nós não queremos medrar no caos", concluiu.
O líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, abriu a discussão marcada pelo seu partido acusando os jornalistas, o primeiro-ministro e o Presidente da República de negarem o que diz ser a crescente insegurança no país, normalizando-a e dizendo que "são apenas perceções".
O deputado do Chega defendeu que os crimes em Portugal são diários e o seu aumento está relacionado com o aumento da imigração, nomeadamente na criminalidade contra mulheres, tráfico de seres humanos, esfaqueamento ou roubos à mão armada.
"É preciso ter cuidado com quem entra no nosso país. Dizem que não, o aumento da imigração não tem nada a ver com os crimes. Sim, tem a ver com os crimes. Vou dar o exemplo de Albufeira, que era um concelho pacato do nosso Algarve, mas que tem o maior índice de criminalidade em Portugal. (...) Para além desse índice de criminalidade também tem o maior número de imigrantes em Portugal", argumentou.
João Almeida, deputado do CDS-PP, disse que "falar de segurança não é tabu, não é inoportuno e não é incómodo", defendendo que os portugueses têm direito a "viver num país seguro" e as forças de seguranças merecem apoio e consideração dos parlamentares e enumerando o que diz ser um aumento de vários tipos de criminalidade no país.
O centrista defendeu ainda que a operação policial no Martim Moniz no final de 2024 "não foi mais do que aquilo que aconteceu várias vezes" ao longo do ano passado sob a atual governação, quer da governação socialista que o antecedeu.
"Nós dizemos o que sempre dissemos: estamos ao lado das mulheres e homens das forças de segurança porque nos representam todos os dias aqueles que vestem uma farda e todos os dias zelam pela nossa segurança. Defendemos a segurança para todos os portugueses. Defendemos a justiça para os portugueses que são vítimas de crime", disse.
Já o deputado comunista António Filipe sublinhou que o PCP se preocupa com a segurança e a tranquilidade dos cidadãos e as forças policiais devem ver salvaguardados os meios para o seu trabalho, mas disse que o debate feito hoje em plenário é "alarmista" e "baseado em perceções".
António Filipe argumentou que ao "aumento significativo da imigração em Portugal não correspondeu minimamente nenhum aumento da criminalidade" e apontou o que diz ser uma "convergência enorme do CDS e do Chega" nesta matéria.
Leia Também: PCP defende Conselho de Estado sobre desigualdades e não sobre segurança