Na sessão da manhã, o arguido, de 45 anos, que está em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Elvas, no distrito de Portalegre, foi questionado pela presidente do coletivo de juízes sobre se pretendia falar em tribunal, mas o homem declinou.
Por solicitação do Ministério Público (MP), acompanhada pelo advogado do arguido, a sessão da manhã foi dedicada a ouvir as gravações dos depoimentos que prestou no interrogatório judicial e também na fase de instrução, prosseguindo ainda esta audição durante a tarde.
Nessas declarações anteriores, o arguido negou ter matado a então companheira e alegou nunca se ter aproximado do cadáver ou do local onde foi encontrada morta.
O homem refutou também factos com que foi confrontado, como a presença do seu ADN debaixo das unhas da vítima ou um pelo seu na navalha encontrada na mão da mulher, e apresentou um roteiro dos locais por onde passou nesse dia.
O arguido está acusado pelo Ministério Público (MP) de um crime de homicídio qualificado.
Na sala de audiências do tribunal, neste arranque do julgamento, estiveram presentes diversos familiares, tanto da vítima, como do arguido.
Em declarações aos jornalistas, no exterior do tribunal, na pausa para almoço, uma prima da vítima, Tatiana Serrano, afirmou ser "uma grande dor" o facto de o arguido "continuar a desmentir" o alegado homicídio.
"A versão dele não bate de certa", referiu a mesma familiar, argumentando que "foi ele que a matou", pelo que espera "que se faça justiça" e o homem seja condenado.
O alegado homicídio ocorreu na manhã do dia 22 de junho de 2023, num local ermo designado como Alto do Bosque, na zona de Borba, no distrito de Évora, tendo o homem sido detido pela Polícia Judiciária em 27 de setembro desse ano.
Segundo a decisão instrutória, a que a agência Lusa teve acesso, o arguido requereu esta fase por discordar do despacho de acusação, mas o juiz Marcos Ramos decidiu pronunciá-lo por um crime de homicídio qualificado, em linha com o MP.
O arguido e a mulher, de 35 anos, mantinham um relacionamento amoroso desde o final de 2019, do qual nasceu um filho, e passaram a viver juntos, em 2023, no concelho de Elvas, quando já esperavam um segundo filho, segundo o MP.
Ainda de acordo com o MP, dias antes do alegado homicídio, os dois deslocaram-se ao Alto do Bosque, em Borba, para apanhar orégãos para depois os venderem, tendo a mulher voltado sozinha ao local, na manhã de 22 de junho de 2023, e informado o companheiro.
De acordo com o MP, nessa manhã, o homem deslocou-se ao Alto do Bosque e, com um instrumento corto perfurante não especificado, desferiu dois golpes no tórax da vítima, causando-lhe a morte.
Antes de abandonar o local, o homem pôs sangue da mulher numa navalha e colocou-a na mão direita da vítima, acusou o MP.
Questionados pela Lusa, os advogados do arguido e da família da vítima, João Martins Leitão e António Pinto Mateus, respetivamente, escusaram-se a prestar declarações.
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