A transladação do corpo de José María Eça de Queiroz (1846-1900), um dos mais prestigiados escritores portugueses de todos os tempos, foi notícia também lá fora, na quarta-feira, 8 de janeiro, dia em que ocorreu a cerimónia, entre a Assembleia da República e o Panteão Nacional.
Em Espanha foram vários os jornais que escreveram sobre o evento, que esteve, a certa altura, envolto em polémica, como lembra o El País.
Aliás, o El País dá mesmo destaque a toda a controvérsia. "A entrada de Eça de Queiroz no Panteão Nacional português põe fim à batalha judicial pela sepultura dos seus restos mortais", lê-se no jornal do país vizinho.
Recorde-se que os restos mortais do autor de 'Os Maias' foram trasladados para o Panteão quatro anos depois da aprovação no Parlamento e contra a vontade de alguns familiares do escritor, que queriam manter os restos mortais em Baião, no distrito do Porto.
Em outubro do ano passado a cerimónia foi finalmente agendada, após um litígio judicial que começou em janeiro de 2021, quando a Assembleia da República aprovou uma proposta do PS para que Eça de Queiroz fosse reconhecido pelo impacto da sua obra na literatura portuguesa.
O El País relembra ainda que a vida do também autor de 'O Crime do Padre Amaro' esteve, desde o início, envolta em peripécias, uma vez que até "começou clandestinamente na Póvoa de Varzim", de uma "mãe desconhecida".
A ABC também recorda as polémicas envoltas na vida e morte do "mais contundente escritor português", mas dá destaque ao facto deste ter conhecido agora a sua "última morada", 125 anos após a sua morte, no local onde repousam "as mais importantes figuras da histórica portuguesa", como a fadista Amália Rodrigues, o futebolista Eusébio, o Infante D. Henrique e os poetas Fernando Pessoa e Luís de Camões.
Em França, a transladação dos restos mortais de Eça de Queiroz também foi notícia no Observatoire de L'Europe, que descreve o escritor como "uma nobre figura da literatura portuguesa", "responsável por algumas das obras mais icónicas" do país.
"Além de 'Os Maias' – para muitos, uma das primeiras formas de conhecer a obra do autor, já que o livro faz parte do Plano Nacional de Leitura – Eça de Queiroz está na origem do nascimento de histórias como 'O Crime do Padre Amaro', 'O Primo Basílio', 'A Cidade e as Serras', entre outros, que escreveu ao longo de sua carreira literária e alguns dos quais foram publicados postumamente", lê-se na publicação francesa.
O Observatoire de L'Europe recorda ainda que Eça de Queiroz, que pertenceu à 'Geração 70', licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1866, mas teve uma "curta carreira na advocacia", uma vez que "foi no jornalismo e na literatura que encontrou a sua verdadeira vocação".
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