O antigo ministro social-democrata António Couto dos Santos foi encontrado morto a boiar num lago no Citygolf, na Senhora da Hora, em Matosinhos, esta segunda-feira. A Polícia Judiciária (PJ) disse à Lusa "não haver indícios de morte violenta", razão pela qual "não foi, até agora, acionada nem esteve no local". Mas, afinal, o que se sabe?
O alerta foi dado pelas 11h30 e, à chegada dos meios, o ex-responsável já se encontrava morto, segundo disseram fontes dos Bombeiros de São Mamede de Infesta à Lusa.
A mesma fonte adiantou que o corpo do antigo governante já seguiu para o Instituto de Medicina Legal do Porto e que o clube de golfe foi encerrado.
Inicialmente, os Bombeiros de São Mamede de Infesta tinham avançado à Lusa que a PJ fora chamada ao local e que teria dado ordem para esvaziar o lago, por forma a tentar encontrar um taco de golpe da vítima, que está desaparecido.
Contudo, a PJ apontou que não há "indícios de morte violenta", pelo que "não foi, até agora, acionada nem esteve no local".
Também a Polícia de Segurança Pública (PSP) esclareceu que "não foi acionada a PJ, [...] por não terem sido identificados indícios da prática de crime", nem foi "esvaziado o lago". Além disso, o alerta foi dado por outros jogadores que se encontravam nas imediações.
As autoridades realçaram ainda que aguardam "que as causas da sua morte venham a ser apuradas em contexto médico legal".
Estiveram no campo de golfe os Bombeiros de São Mamede de Infesta, elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica e agentes da investigação criminal da PSP e da Proteção Civil de Matosinhos.
Couto dos Santos, o "ilustre militante" que "não fugiu às suas responsabilidades"
O Partido Social Democrata (PSD) manifestou "profundo pesar" pela notícia da morte de Couto dos Santos, tendo salientado que a sua direção "perdeu hoje um amigo" e "um ilustre militante". O país, por seu turno, perdeu "um dos principais defensores da causa pública".
"O PSD manifesta sentidas condolências à família de Couto dos Santos", rematou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou "profundamente" a morte do antigo ministro social-democrata, que destacou como "figura marcante dos Governos de Aníbal Cavaco Silva", numa nota publicada na página da Presidência da República.
Por sua vez, o antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, confessou também estar "profundamente chocado" com a morte de Couto dos Santos, que recordou como "um político que não fugiu às suas responsabilidades".
"Eu estou profundamente chocado, profundamente entristecido com a notícia da morte do engenheiro Couto dos Santos. No último verão, tínhamos tido aqui no meu gabinete uma longa conversa em que verifiquei que Couto dos Santos continuava a ser uma pessoa de ideias novas, de ideias inovadoras, um homem com grande criatividade e muito empenhado em contribuir para a resolução dos problemas do nosso país", salientou, numa nota enviada à Lusa.
Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse ter ficado a par da morte do social-democrata "com profunda consternação e choque", tendo enaltecido "a sua frontalidade, humanismo e competência".
"Foi com profunda consternação e choque que recebi a notícia da morte de Couto dos Santos. Para além de ser um amigo, foi governante e deputado em fases desafiantes e bem sucedidas da nossa vida democrática", escreveu, na rede social X (Twitter), onde deixou à família "as mais sentidas condolências".
Já o antigo líder do PSD, Rui Rio, lamentou o "falecimento repentino" do antigo ministro, com quem manteve "sempre um excelente relacionamento".
"Conheci o Fernando Couto dos Santos há 40 anos e com ele mantive sempre um excelente relacionamento. Custa-me muito receber a notícia do seu falecimento repentino. Os meus sentidos pêsames à sua família. Que descanse em paz", escreveu, na mesma rede social.
Três vezes ministro. A vida de Couto dos Santos
Couto dos Santos, de 75 anos, foi por três vezes ministro de Aníbal Cavaco Silva, gerindo as pastas da Educação, Assuntos Parlamentares e da Juventude. Antes, foi secretário de Estado da Juventude, Qualidade de Vida e Ambiente.
O antigo ministro nasceu a 18 de maio de 1949, em Forjães, no concelho de Esposende, tendo feito o ensino secundário no Liceu Passos Manuel, em Lisboa e se licenciado em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa.
O antigo governante foi também deputado pelos distritos de Setúbal (1987-1994) e de Aveiro (2009-2015), presidente do Conselho de Administração (CA) da Assembleia da República (2011-2015), presidente da Comissão Parlamentar de Saúde (2009-2011) e vice-presidente da mesma comissão (2011-2015).
A nível empresarial, esteve na Quimigal (1983-1985), foi presidente executivo da Associação Empresarial de Portugal (1995-2007), integrou o CA do Hospital da Amadora (1995-2003), presidiu à Casa da Música no Porto (2004-2005) e foi membro de diversos órgãos sociais na área dos media, comunicações, construção, energia e ambiente), tendo sido ainda consultor nas áreas de Energia, Ambiente e Saúde.
Couto dos Santos desempenhou ainda as funções de cônsul honorário da Rússia no Porto, tendo apresentado a sua recusa ao lugar em 26 de fevereiro de 2022, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia.
[Notícia atualizada às 19h43]
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