Macron quer Europa a financiar ciência para o oceano face a recuo dos EUA

O presidente francês defendeu hoje a responsabilidade europeia em apostar na ciência para proteger os oceanos, quando os Estados Unidos estão a cortar o financiamento de investigação científica com a palavra biodiversidade.

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© MICHEL EULER/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
31/03/2025 15:09 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

França

"Não há mais financiamento americano quando essas palavras [biodiversidade] surgem num programa de investigação. Por isso temos uma responsabilidade europeia (...) de verdadeiramente manter o financiamento de uma investigação académica livre para o bem comum", disse Emmanuel Macron na cerimónia de encerramento da iniciativa SOS Oceano, que terminou hoje em Paris.

 

Num discurso de mais de 20 minutos, o chefe de Estado francês reiterou a ideia de que, enquanto alguns países procuram explorar Marte, a Europa deve focar-se em Neptuno como "a boa aventura que permitirá mobilizar os investigadores".

Segundo Macron, Marte pode "fazer acreditar que existe um planeta de substituição, mas não existe planeta B", pelo que é preciso tornar a Terra um planeta habitável.

Num evento organizado pela República francesa e pela Fundação Oceano Azul para preparar a terceira Conferência do Oceano das Nações Unidas (UNOC3, na sigla em inglês), que ocorre em junho em Nice, o Presidente francês apresentou as oito metas que definiu para essa reunião de alto nível.

A oitava meta é precisamente a defesa da ciência, disse Macron, referindo que antes a UNOC3 terá lugar, entre 3 e 6 de junho, o Congresso Científico Um Oceano, para a qual todas as instituições científicas serão mobilizadas.

No total, este congresso reunirá 2.000 cientistas representando uma centena de países.

O primeiro dos oito objetivos enunciados por Macron para a UNOC3 é a ratificação por pelo menos 60 países do Tratado de Alto Mar, que pretende proteger a parte do oceano que não pertence a qualquer país.

"É 64% da superfície do oceano global, mais de metade da superfície do planeta, e este oceano não pode ficar uma zona sem direito", disse.

Acrescentou que 110 Estados já assinaram o tratado, mas apenas 21 o ratificaram, pelo que "há muito trabalho a fazer" para alvcançar os 60 que permiritão que o diploma entre em vigor.

O segundo é ter uma pesca sustentável, nomeadamente avançando na luta contra a pesca ilegal, ilícita e não declarada, que representa entre 10 e 20% da produção de peixe, o que é "evidentemente inaceitável", disse.

O terceiro objetivo é continuar a trabalhar para proteger 30% dos oceanos até 2030, um objetivo definido em 2022 pelo Quadro de Biodiversidade Global de Kunming-Montreal, mas que ainda está longe de ser alcançado.

"Estamos hoje em 8,5%. Apelamos aos países que anunciem em Nice novas áreas marinhas protegidas. Fixemos o objetivo de atingir 12% de proteção das zonas económicas exclusivas, quem sabe 15% até à UNOC3", apelou.

O quarto objetivo é a descarbonização do transporte marítimo e o quinto a luta contra a poluição pelo plástico, esperando Macron que a UNOC3 dê um impulso para que o tema possa ser alvo de um acordo em agosto em Genebra.

A sexta meta de Macron para Nice é a mobilização de novos financiamentos, incluindo filantrópicos, para construir uma economia azul sustentável e está prevista a realização de um grande fórum no Mónaco que juntará o mundo das finanças ao serviço da economia azul, disse Macron.

Leia Também: Organizações de exploração dos oceanos anunciam parceria com Cabo Verde

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