"Os governos, as empresas e todas as pessoas e cidadãos precisam de realmente tomar consciência de quão urgente é fazer o que é necessário para preservar e proteger os oceanos", disse à Lusa a antiga chefe de Estado do Chile, à margem da iniciativa SOS Oceano, a decorrer em Paris até segunda-feira.
Segundo a política socialista, que ocupou o mais alto cargo político no Chile por duas vezes desde 2006, o seu país prova que não é preciso ser um país rico para proteger o oceano.
"Enquanto presidente, eu aumentei as áreas marinhas protegidas de 4%, quando cheguei, para 48%, e o Chile não é um país rico. Se houver vontade política há um caminho, qualquer pessoa pode fazê-lo", afirmou.
Questionada se a proteção dos oceanos é uma questão de direitos humanos, a antiga alta-comissária dos direitos humanos da ONU defendeu que é uma questão da Humanidade.
"Se não protegermos os oceanos, haverá consequências que serão claramente contra os direitos humanos, porque as pessoas, devido à subida do nível do mar, terão de abandonar as suas casas, os seus modos de vida, os seus empregos, haverá insegurança alimentar, haverá guerras, provavelmente", disse.
Considerou por isso importante a iniciativa SOS Oceano, organizada pela França e pela Fundação Oceano Azul para preparar a próxima Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que decorre em junho em Nice.
À margem da mesma iniciativa, Kristina Gjerde, conselheira sénior para o alto mar da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN na sigla em inglês), sublinhou a importância de juntar pessoas "que se preocupam com o oceano, que estão determinadas a tomar medidas para garantir a sua proteção".
"[O oceano] é o nosso coração, os nossos pulmões, a nossa alma, e cria ligações que nos juntam a todos como um só povo e um só planeta", disse.
Organizado pela França e pela Fundação Oceano Azul, com a colaboração da Bloomberg Philantropies, o evento SOS Ocean pretende lançar a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, prevista para junho em Nice, e responde a um apelo do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que no verão passado, em Tonga, lançou um 'SOS' para os oceanos.
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