Consumo de vinho estava generalizado entre os antigos troianos

Cientistas encontraram pela primeira vez provas químicas de que se bebia vinho em Troia, confirmando a conjetura de Heinrich Schliemann, que descobriu a lendária cidade-fortaleza no século XIX.

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Lusa
28/03/2025 06:39 ‧ há 3 dias por Lusa

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Investigadores das Universidades de Tübingen, Bona e Gena, na Alemanha, descobriram que não só os membros da elite troiana, mas também as pessoas comuns, bebiam vinho.

 

As suas descobertas foram publicadas na edição de abril do American Journal of Archaeology, noticiou na quinta-feira a agência Europa Press.

"Hefesto falou, levantou-se e entregou um copo duplo à sua amada mãe", refere o primeiro livro da Ilíada, relatando como o deus do fogo, da metalurgia e dos vulcões encoraja a sua mãe.

"Enquanto ele falava, a deusa de braços brancos Hera sorriu. Pegou na taça do filho. Ele entornou a bebida, da direita para a esquerda, para todos os outros deuses, sorvendo o doce néctar da tigela", pode ler-se.

Este recipiente, um cálice (depas amphikypellon), é bem conhecido pelos arqueólogos: é um recipiente de barro fino, com entre 12 e 40 centímetros de altura, com duas pegas adelgaçando até uma base pontiaguda.

Até à data, mais de 100 destas taças foram encontradas apenas em Troia, abrangendo o período entre 2500 e 2000 a.C. Encontram-se também espalhadas pelo Mar Egeu, Ásia Menor e Mesopotâmia, e a sua capacidade varia entre 0,25 a 1 litro.

"Heinrich Schliemann já especulava que o cálice de depas era passado de mão em mão durante as celebrações, tal como descrito na Ilíada", salientou Stephan Blum, coautor do estudo do Instituto de Pré-história, História Antiga e Arqueologia Medieval da Universidade de Tübingen, citado num comunicado.

A coleção de arqueologia clássica da Universidade de Tübingen alberga um cálice de Depas e dois fragmentos do Tesouro Schliemann.

Maxime Rageot, da Universidade de Bona, moeu uma amostra de 2 gramas de ambos os fragmentos. De seguida, aqueceu as amostras a 380° Celsius e estudou a mistura resultante utilizando cromatografia gasosa (CG) e espetrometria de massa (CG-EM).

"A evidência da presença de ácidos succínico e pirúvico foi conclusiva: são produzidos apenas durante a fermentação do mosto de uva. Portanto, podemos agora afirmar com certeza que o vinho foi bebido em copos depas, e não apenas o mosto de uva", destacou Rageot.

O vinho era a bebida mais cara na Idade do Bronze, e o copo depas era o recipiente mais valioso.

Copos de Depas foram encontradas em complexos de templos e palácios. Por conseguinte, os cientistas deduziram que o consumo de vinho ocorria em ocasiões especiais e em círculos de elite.

No entanto, os cientistas responderam também à questão se as pessoas das classes mais baixas de Troia também bebiam vinho como alimento do dia-a-dia.

"Também estudámos quimicamente copos comuns encontrados no povoado exterior de Troia e, portanto, fora da cidadela. Estes copos também continham vinho", garantiu Blum.

"Portanto, é evidente que o vinho era também uma bebida quotidiana para as pessoas comuns", acrescentou.

As escavações em Troia foram dirigidas pela Universidade de Tübingen entre 1987 e 2012.

Os resultados das escavações estão atualmente a ser avaliados, estando em curso análises mais aprofundadas dos materiais encontrados.

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