"Ouvimos as declarações de Macron sobre um guarda-chuva nuclear para a Europa. Isso também parece muito, muito perigoso", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, à imprensa russa.
Peskov referia-se a declarações feitas por Macron no início de março sobre a defesa nuclear da Europa.
A França é o único país da União Europeia (UE) com armas nucleares.
O Reino Unido é o outro país europeu que possui armamento nuclear, mas não integra a UE.
Guarda-chuva nuclear é a expressão usada para descrever a garantia dada por um país com armas nucleares de defender aliados sem este tipo de armamento.
Peskov descreveu como "muito agressiva" a reação da UE ao aparecimento de "um novo xerife" na NATO, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que exige que os parceiros europeus aumentem as despesas com a defesa até 5%.
Quando a Europa "deveria estar absolutamente interessada na paz, está agora a falar de guerra e de como proceder à sua militarização", afirmou, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov considerou que será impossível parar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia "sem eliminar as causas profundas" do conflito.
"Paradoxalmente, em vez de pensarem em como eliminar as causas profundas, (...) propõem acrescentar o contingente dos países da NATO que, como dizem, pode ser colocado no território da Ucrânia", afirmou.
Peskov criticou que a Europa pretenda usar 800.000 milhões de euros numa "militarização feroz", em vez de os gastar em políticas sociais e em "derrubar todos os muros" com a Rússia.
Segundo o porta-voz do Presidente Vladimir Putin, tais barreiras impedem um desenvolvimento mutuamente benéfico.
Peskov afirmou também que os europeus vão ter de ceder, porque "não têm alternativa".
"Mais cedo ou mais tarde, terão de aparecer ali [na Europa] pesos pesados políticos com visão. E essa visão mostrar-lhes-á o caminho para a boa vizinhança com a Rússia", acrescentou.
A Rússia advertiu que a retórica nuclear de Macron é "uma ameaça" à segurança nacional e exigiu que o arsenal da Europa seja incluído nas negociações de desarmamento estratégico com os Estados Unidos.
Leia Também: Ucrânia? "Negociadores estarão prontos para discutir as 'nuances'"