"Não podemos organizar uma visita privada com representantes oficiais de outro país", afirmou Mette Frederiksen aos jornalistas.
"A pressão que está a ser exercida sobre a Gronelândia e a Dinamarca nesta situação é inaceitável. E é uma pressão à qual vamos resistir", acrescentou a primeira-ministra.
A Gronelândia espera atualmente pela formação de um governo, após as eleições legislativas de 11 de março. Na rede social Facebook, o Governo cessante indicou que "não enviou convites para visitas, sejam privadas ou oficiais".
"O atual Executivo é um governo cessante da Gronelândia, aguardando a formação de uma nova coligação governamental, e pedimos a todos os países que respeitem este processo", sublinhou a administração gronelandesa.
O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Mike Waltz, vai visitar a Gronelândia esta semana, segundo o primeiro-ministro gronelandês, Mute Egede, tal como o secretário da Energia norte-americano, Chris Wright, de acordo com a imprensa norte-americana.
Usha Vance, mulher do Vice-Presidente norte-americano, J.D. Vance, também viajará com uma delegação para participar numa corrida nacional de trenós puxados por cães em Sisimiut, na costa noroeste, entre quinta-feira e sábado, de acordo com a Casa Branca. O programa ainda não foi divulgado, mas é possível que visitem a base norte-americana de Pittufik.
"A nossa integridade e a nossa democracia devem ser respeitadas, sem qualquer interferência externa", disse Egede na rede social Facebook, condenando a visita.
Estas viagens mostram "uma apetência inapropriada por parte dos norte-americanos", acrescentou o chefe de diplomacia dinamarquesa, Lars Løkke Rasmussen, à cadeia de televisão TV2.
"Quando se organiza uma visita como esta e os políticos da Gronelândia dizem que não a querem, não se pode interpretar isso como um sinal de respeito", afirmou Mete Frederiksen.
Em meados deste mês, Trump afirmou que a anexação da Gronelândia aos Estados Unidos ia "acabar por acontecer" e que tal integração promoveria a "segurança internacional".
Embora todos os principais partidos da Gronelândia sejam a favor da independência do território da Dinamarca, a mais ou menos longo prazo, nenhum apoia a ideia de uma anexação por Washington. Também as sondagens de opinião indicam que a população de 57.000 habitantes é esmagadoramente contra.
A Gronelândia, que é quatro vezes maior do que a França, tem um interesse estratégico devido à localização - encontra-se na rota mais curta para a trajetória de quaisquer mísseis entre os Estados Unidos e a Rússia - e às riquezas minerais.
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