"Não há falta de produtos básicos em Gaza", depois de "25.000 camiões de ajuda humanitária terem entrado no enclave durante os 42 dias da primeira fase do cessar-fogo", afirmou o governante, que também confirmou negociações para a segunda fase das tréguas, mas sem antecipar conclusões.
"O esforço [nas negociações em Doha] está em curso e ninguém pode prever nem a data [da sua conclusão] nem o resultado", declarou o chefe da diplomacia israelita numa conferência de imprensa em Atenas, ao lado do seu homólogo grego, Yorgos Yerapetritis, e do homólogo cipriota, Konstantinos Kompos.
Desde o passado dia 02, os camiões que transportam alimentos, medicamentos e combustível deixaram de entrar em Gaza por ordem do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, depois de o grupo islamita palestiniano Hamas ter recusado prolongar a primeira fase do acordo de cessar-fogo, que terminou a 01 de março.
"Israel aceitou a proposta do enviado especial dos Estados Unidos, Steve Witkoff, de prolongar o cessar-fogo com a exigência de que os reféns fossem libertados, mas o Hamas recusou", afirmou o israelita.
Saar sublinhou que Israel "não aceitará nada que não seja a desmilitarização completa da Faixa de Gaza e o regresso de todos os reféns".
Para o Hamas, Israel tem tentado evitar abordar o fim da guerra com a retirada das suas tropas, algo que está contemplado na segunda fase do acordo assinado pelas duas partes em janeiro, em Doha, Qatar.
Para o grupo palestiniano, Israel está a utilizar a ajuda como "chantagem política" que, adverte, "não quebrará a vontade do povo [palestiniano], que continuará a lutar até conseguir os seus direitos legítimos", segundo um comunicado divulgado na terça-feira.
O Hamas adverte que haverá fome no enclave se o bloqueio israelita persistir.
Saar disse hoje, a partir de Atenas, que "50% do orçamento do Hamas" provém desta "chamada ajuda humanitária" que o grupo "utiliza para recrutar novos terroristas e recuperar a sua força", pelo que "têm de mudar algumas coisas" relativamente à gestão destes fornecimentos.
A atual ronda de conversações entre as duas partes, mediada pelo Egito e pelo Qatar, teve início na terça-feira em Doha, depois de uma delegação israelita ter chegado à capital do Qatar um dia antes.
Na reunião trilateral realizada hoje em Atenas entre Israel, Chipre e Grécia, os chefes da diplomacia destes três países concordaram em reforçar a sua cooperação com o objetivo de garantir a estabilidade no Mediterrâneo Oriental e no Médio Oriente.
As tréguas em Gaza preveem três fases depois de mais de 15 meses de conflito que se iniciou com um ataque do Hamas a 07 de outubro de 2025 e que provocou 1.200 mortos e cerca de 250 reféns, segundo Telavive.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que matou mais de 48 mil pessoas, segundo as autoridades locais.
Leia Também: Israel diz que há "milhares" de agentes do Hamas e da Jihad na Síria