Os vice-chefes do Exército, Marinha, Corpo de Fuzileiros Navais e Força Aérea disseram numa audição perante os senadores no Congresso norte-americano, em Washington, DC que, precisam pelo menos de maior flexibilidade de gestão financeira para garantir que as prioridades militares sejam cobertas, se não obtiverem financiamento adicional.
"Em última análise, o Exército pode custear uma força grande, pronta ou moderna, mas o orçamento atual não chega para custear estas três coisas", disse o general James Mingus, vice-chefe do Estado-Maior do Exército, perante o subcomité do Senado para as Forças Armados.
"Ou damos aos soldados as capacidades necessárias para vencer ou aceitamos maiores riscos noutras áreas", frisou.
Mingus avisou que o Exército pagará por esses riscos no futuro, "não em projetos atrasados ou ajustamentos orçamentais, mas em "consequências reais no campo de batalha".
A Câmara de Representantes norte-americana adotou na terça-feira legislação orçamental provisória que afasta até setembro a perspetiva de paralisia do governo e financia agências federais, mas que terá ainda de passar no Senado.
O Congresso não conseguiu aprovar um orçamento completo para o ano fiscal de 2025 e, em vez disso, aprovou medidas provisórias que, em grande parte, mantêm o financiamento aos níveis de 2024.
O projeto de lei contempla o aumento dos gastos de Defesa em cerca de 6 mil milhões de dólares (5,5 mil milhões de euros), diminuto em relação aos perto de 841 mil milhões de dólares (772,2 mil milhões de euros) do orçamento de Defesa norte-americano.
Segundo sublinharam hoje os líderes militares, este seria o primeiro ano em que o Congresso não aprovaria uma lei de despesas de Defesa e, em vez disso, usaria uma resolução anual contínua, o que não permite que os serviços façam novos contratos, incluindo para a modernização de armamento ou alojamento e outras melhorias.
Outras chefias militares fizeram eco do alerta no Senado, salientando que as falhas na construção, manutenção e sustentação de navios afetam tanto a Marinha como o Corpo de Fuzileiros Navais.
O Almirante James Kilby, vice-chefe de operações navais, afirmou que a situação "irá abrandar a construção naval, incluindo navios de guerra anfíbios".
Isto quando, frisou o general Christopher Mahoney, comandante adjunto do Corpo de Fuzileiros Navais, apenas 13 dos 32 navios anfíbios da Marinha estavam disponíveis para uso à data de hoje.
O Presidente Donald Trump e o Secretário da Defesa Pete Hegseth têm falado frequentemente sobre a necessidade de o país se concentrar na prontidão e letalidade militar.
Os senadores reconheceram que a resolução contínua representa um desafio para os militares, mas não deram uma resposta clara sobre se a flexibilidade será incorporada no projeto de lei, quando for encaminhado ao Senado esta semana.
Na câmara alta do Congresso, o texto necessitará de apoio bipartidário para que o projeto de lei seja enviado ao Presidente Donald Trump para promulgação.
Para evitar a paralisação do governo (conhecida como "shutdown"), que Trump quer evitar, precisará no Senado do apoio de pelo menos oito democratas.
Perante o risco de alguns republicanos votarem contra o projeto de lei e provocarem o fracasso da iniciativa legislativa, Donald Trump envolveu-se pessoalmente e telefonou a possíveis opositores.
Se o Congresso não aprovar o texto, centenas de milhares de funcionários públicos ficarão a trabalhar a tempo reduzido e sem remuneração. O tráfego aéreo será interrompido, tal como o pagamento de certas ajudas alimentares a famílias com baixos rendimentos, entre outras consequências.
Leia Também: Senado dos EUA confirma Lori Chavez-DeRemer como secretária do Trabalho