Diretor da AIEA alerta para crescente interesse em armas nucleares

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, alertou hoje para o crescente interesse de alguns países em adquirir armas nucleares e realizar novos testes de bombas atómicas.

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© Hollie Adams/Bloomberg via Getty Images

Lusa
22/01/2025 13:55 ‧ há 3 horas por Lusa

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"Em tempos de maior tensão geoestratégica, infelizmente como agora, a atratividade das armas nucleares aumenta", disse Rafael Grossi, durante um painel no Fórum Económico Mundial, que está a decorrer esta semana em Davos, na Suíça.

 

"[A situação] está a piorar. Está a piorar muito", disse o representante, cuja agência supervisiona a segurança nuclear mundial, incluindo o cumprimento do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

E prosseguiu: "Alguns dos denominadores comuns em relação às armas nucleares e à não-proliferação nuclear que mesmo em tempos de conflito costumavam existir, como por exemplo entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança [da ONU] e outros grandes países europeus, simplesmente já não existem".

O interesse em adquirir armas nucleares não se limita ao Irão e ao Médio Oriente, mas também está a ser discutido em países como a Ucrânia, a Coreia do Sul e o Japão, afirmou o diretor-geral da AIEA, agência que integra o sistema da ONU.

O responsável declarou que, embora o Irão não disponha de armas nucleares, o país continua a ser ambíguo nesta matéria, com "uma série de peças do 'puzzle' [atómico] prontas".

Entretanto, ao mesmo tempo, frisou Grossi, o Irão "demonstra vontade de continuar a dialogar, mas não consegue alcançar este objetivo" de forma estável.

Rafael Grossi referia-se às inspeções internacionais que decorrem no Irão há mais de 20 anos, sem que seja possível determinar definitivamente o caráter pacífico do programa nuclear iraniano.

"Enquanto a situação no Irão (...) continua por resolver, outros países da região, incluindo um aliado da NATO, dizem que se eles [o Irão] obtiverem uma arma nuclear, também o farão. E estão a dizê-lo abertamente", acrescentou Grossi, numa aparente referência a países como a Turquia (membro da NATO) e a Arábia Saudita.

A mesma coisa acontece, acrescentou o responsável, em países como a Coreia do Sul e o Japão, embora não oficialmente, mas cada vez mais pessoas se questionam se não deveriam ter armas nucleares para se protegerem da Coreia do Norte, que possui tal armamento.

"Há quem se interrogue sobre a possibilidade de acrescentar mais dois ou três países à situação atual [com nove países com bombas nucleares] e se isso não contribuiria para a estabilidade global", disse Grossi.

"Mas estamos muito preocupados com esta situação. Imaginem se acrescentassem o fator armas nucleares aos dez conflitos (atualmente em curso no mundo)", frisou.

Embora não tenha afastado a possibilidade de retomar as negociações nucleares com o Irão --- mesmo com a entrada em funções da nova administração do Presidente norte-americano, Donald Trump -, Grossi considerou que será "extremamente difícil", dada a falta de consenso entre os principais intervenientes.

"Percebemos que teríamos de passar para outro tipo de coisa", acrescentou, após mencionar o acordo de 2015 assinado pelo Irão e por seis grandes potências para limitar o programa nuclear de Teerão em troca de incentivos económicos.

Este acordo, conhecido como 'Joint Comprehensive Plan of Action' (JCPOA), entrou em colapso em 2018, quando Trump decidiu abandoná-lo unilateralmente e restabelecer as sanções contra o Irão. Em reação, Teerão começou a produzir material nuclear em grande escala - sempre sob verificação da AIEA - até estar agora muito perto de poder desenvolver armas atómicas.

O diretor-geral da AIEA alertou ainda que o mundo poderá enfrentar novos testes nucleares, que foram proibidos desde o final da década de 1990. Neste campo, a exceção ocorreu na Coreia do Norte que realizou alguns testes nos últimos 15 anos.

"O consenso internacional sobre a não realização de mais testes de armas nucleares está a ser questionado devido ao abandono pela Rússia do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CBTB, na sigla em inglês) e com as discussões nos Estados Unidos e noutros países sobre a possibilidade de retomar os testes", concluiu Grossi.

Leia Também: Presidente iraniano espera que Trump não contribua para guerra com Teerão

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