"Em nome da República do Panamá e do seu povo, devo rejeitar de forma abrangente as palavras proferidas pelo Presidente Donald Trump relativamente ao Panamá e ao seu Canal no seu discurso de tomada de posse. Reitero o que disse na minha mensagem à nação a 22 de dezembro: o Canal é e continuará a ser do Panamá", reiterou o Presidente panamiano em comunicado.
Trump voltou hoje a afirmar, no seu discurso de tomada de posse, que "retomará" o Canal do Panamá, justificando que a sua decisão se deve à alegada presença chinesa no canal.
"A China opera o Canal do Panamá, e nós não o demos à China, demos ao Panamá. E vamos tomá-lo de volta", justificou Trump no seu discurso realizado no Capitólio (sede do Congresso norte-americano), em Washington.
No mesmo discurso, o novo Presidente norte-americano voltou também a criticar as elevadas taxas pagas pelos navios norte-americanos para atravessar a via interoceânica.
O Presidente panamiano voltou hoje a garantir que "não existe a presença de qualquer nação no mundo que interfira com a administração" do país latino-americano.
"O Canal não foi uma concessão de ninguém. Foi o resultado de lutas geracionais que culminaram em 1999, como resultado do tratado Torrijos-Carter", frisou.
"E, desde então até hoje, durante 25 anos, ininterruptamente, gerimo-lo e expandimo-lo de forma responsável para servir o mundo e o seu comércio, incluindo os Estados Unidos", acrescentou Mulino no mesmo comunicado.
Mulino sublinhou ainda que o seu Governo exercerá "o direito, a dignidade e a força que o direito internacional dá" como forma ideal de gerir as relações entre países. "Sobretudo, entre países aliados e amigos, como demonstra a história e a nossa atuação em relação aos EUA", frisou.
O Canal do Panamá foi construído pelos Estados Unidos, inaugurado em 1914 e administrado pelo Governo norte-americano até à sua transferência total para o Estado panamiano, em 31 de dezembro de 1999, pelos Tratados Torrijos-Carter, assinados pelo líder panamiano Omar Torrijos e pelo então Presidente norte-americano Jimmy Carter.
Desde dezembro, Donald Trump tem acusado a administração do Canal de impor taxas excessivas aos navios norte-americanos e de permitir um alegado controlo chinês da via navegável, alegações que foram prontamente negadas pelas autoridades panamianas.
As sucessivas declarações de Trump sobre a "retoma" do Canal do Panamá provocaram um repúdio generalizado no país centro-americano, sobretudo junto do Governo panamiano, que as considerou "incompreensíveis".
Um grupo de sindicatos protestou hoje contra as declarações de Trump em frente à residência do embaixador dos EUA no Panamá, ateando fogo a bandeiras norte-americanas.
Donald Trump foi hoje empossado como o 47.º Presidente dos Estados Unidos, numa cerimónia no Capitólio (sede do Congresso norte-americano) em Washington que marca o seu regresso para um segundo mandato na liderança da Casa Branca.
A cerimónia em Washington foi marcada pela presença de políticos internacionais populistas e de extrema-direita, mas com poucos responsáveis governamentais e sem líderes da União Europeia, à exceção da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
O político republicano foi Presidente entre 2017 e 2021, após perder a reeleição em 2020 para o democrata Joe Biden, a quem sucede agora no cargo.
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