Da "Idade de Ouro" aos "dois géneros": O essencial do discurso de Trump

Trump tem já preparadas uma série de ordens executivas, destinadas a combater a imigração, contrariar a inclusão e facilitar a produção do petróleo e gás natural. Fique a par dos principais pontos do discurso de tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos.

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© Morry Gash/Pool via REUTERS

Carmen Guilherme com Lusa
20/01/2025 20:36 ‧ há 2 horas por Carmen Guilherme com Lusa

Mundo

EUA

Donald Trump tomou posse esta segunda-feira como 47.º presidente dos Estados Unidos e discursou durante 30 minutos, fazendo inúmeras promessas e deixando a garantia de uma América "respeitada", pronta a conquistar o mundo e... Marte. 

 

"A Idade de Ouro da América começa agora"

"A Idade de Ouro da América começa agora", foi assim que Trump deu início ao seu discurso, falando num país que "florescerá e voltará a ser respeitado em todo o mundo".

"Seremos a inveja de todas as nações e não permitiremos que continuem a aproveitar-se de nós", afirmou. "A nossa principal prioridade será criar uma nação orgulhosa, próspera e livre", acrescentou, referindo que irá "colocar a América em primeiro lugar". 

"Em breve, a América será maior, mais forte e muito mais excecional do que nunca", reforçou. 

O "Dia da Libertação" e as "ordens executivas históricas"

Depois de afirmar estar com "confiança e otimista", Trump decidiu abordar os "desafios" que os Estados Unidos enfrentam, nomeadamente "uma crise de confiança". Seguiram-se, depois, as alegações sobre problemas que nos últimos tempos enfrentou com a Justiça, dizendo que lhe "tentaram tirar a liberdade" e a "vida".

"Nos últimos oito anos, fui testado e desafiado mais do que qualquer presidente nos nossos 250 anos de história, e aprendi muito pelo caminho", defendeu. "A minha vida foi salva por uma razão, fui salvo por Deus para fazer a América grande de novo", apontou.

E assegurou: "A balança da justiça será reequilibrada. O armamento vicioso, violento e injusto do Departamento de Justiça e do governo vai acabar". 

"20 de janeiro de 2025 é o Dia da Libertação", declarou. 

Posteriormente, o novo presidente dos Estados Unidos confirmou o que já era esperado: "Hoje vou assinar uma série de ordens executivas históricas. Com estas ações, iniciaremos a restauração completa da América e a revolução do senso comum", disse.

Trump promete expulsar "milhões e milhões" de imigrantes ilegais

No tema da imigração, anunciou que irá "declarar uma emergência nacional na fronteira sul", acrescentando que vai enviar o Exército para patrulhar essa região, e que irá expulsar "milhões e milhões" de imigrantes ilegais, um dos principais focos da sua campanha eleitoral.

"Todas as entradas ilegais serão paradas e começaremos o processo de devolver imigrantes ilegais aos sítios de onde vieram", afirmou. 

O novo presidente também anunciou que vai designar os cartéis de tráfico de droga como "organizações terroristas estrangeiras", invocando uma lei de 1798 contra Inimigos Estrangeiros, dando "poder total" às agências federais para "eliminar a presença de todos os gangues estrangeiros e redes criminosas que trazem o crime devastador para solo dos EUA".

Um dos visados é um poderoso gangue venezuelano, o Tren de Aragua, com a nova administração a considerá-lo uma "força armada irregular do governo venezuelano que está a realizar uma incursão predatória e invasão dos Estados Unidos".

Trump também promete acabar com a cidadania por nascimento, mas não é claro como o fará - está consagrada na Constituição dos EUA.

Estados Unidos vão voltar a sair do Acordo de Paris sobre o Clima

"Hoje vou também declarar uma emergência energética nacional", afirmou Trump, assegurando que "a América voltará a ser uma nação manufatureira". 

Além disso, prometeu dar instruções a todos os membros do seu gabinete "para mobilizarem os vastos poderes à sua disposição para derrotar o que foi uma inflação recorde e baixar rapidamente os custos e os preços". 

O chefe de Estado vai assinar ordens para aliviar os encargos regulamentares sobre a produção de petróleo e gás natural, incluindo uma ordem relacionada com o Alasca e declarar uma emergência nacional energética, ampliando a exploração petrolífera.

"Voltaremos a ser uma nação rica e é o ouro líquido que temos debaixo dos pés que nos ajudará a consegui-lo", disse, recorrendo a uma das suas expressões mais usadas para indicar exploração petrolífera sem limites: "Drill, baby, drill".

Posteriormente, o novo chefe de Estado norte-americano anunciou voltará a retirar os EUA do Acordo de Paris sobre o clima, prejudicando os esforços mundiais para travar o aquecimento global.

"Existem dois géneros" 

O presidente confirmou que assinará "uma ordem executiva para acabar imediatamente com toda a censura governamental e trazer de volta a liberdade de expressão à América", bem como a existência de "apenas dois géneros". 

"A partir de hoje, a política oficial do governo dos Estados Unidos passa a ser a de que só existem dois géneros - masculino e feminino", declarou.

Trump, recorde-se, está a reverter as proteções para as pessoas transgénero e a acabar com os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) no governo federal. Ambas são mudanças importantes para a política federal e estão em conformidade com as promessas de campanha de Trump, que prometeu acabar com "as ilusões do transgénero".

"Golfo da América" e recuperação do Canal do Panamá

O novo presidente norte-americano prometeu assumir o controlo do Canal do Panamá, rebatizar o Golfo do México de "Golfo da América" e reforçar a tributação dos países estrangeiros, confirmando intenções já expressadas para o segundo mandato na Casa Branca.

"E o mais importante, a China opera o Canal do Panamá, e nós não o demos à China, demos ao Panamá. E vamos tomá-lo de volta", justificou no seu discurso realizado no Capitólio. 

"Plantar as estrelas e as riscas" em Marte

Trump declarou ainda que pretende levar a bandeira norte-americana ao planeta Marte durante a sua administração. 

"Perseguiremos o nosso destino manifesto nas estrelas, lançando astronautas americanos para plantar 'as estrelas e as listas' [da bandeira dos Estados Unidos] no planeta Marte", declarou, sem fornecer detalhes.

Entre os convidados de destaque na cerimónia de investidura, o bilionário Elon Musk reagiu com entusiasmo às palavras de Trump, de quem foi doador durante a campanha e será colaborador na nova administração.

"Na América, o impossível é o que fazemos melhor"

"Muitas pessoas pensaram que era impossível para mim encenar um regresso político tão histórico. Mas como veem hoje, aqui estou eu. O povo americano falou. Na América, o impossível é o que fazemos melhor", declarou Trump, no final do seu discurso. 

"Estamos à beira dos quatro maiores anos da história americana. O nosso poder acabará com todas as guerras e trará um novo espírito de unidade a um mundo que tem estado zangado, violento e totalmente imprevisível. A América voltará a ser respeitada e admirada, inclusive por pessoas de religião, fé e boa vontade. Seremos prósperos. Teremos orgulho. Seremos fortes e venceremos como nunca antes", acrescentou o novo presidente dos Estados Unidos, referindo ainda que "nada se interporá" nesse caminho.

"Porque somos americanos. O futuro é nosso e a nossa Idade de Ouro está apenas a começar", rematou. 

Leia Também: Milhares de utilizadores abandonam X no dia da investidura de Trump

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