Israel e o Hamas chegaram a um acordo para um cessar-fogo em Gaza e para uma troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos, tal como já confirmou o primeiro-ministro do Qatar, numa conferência de imprensa em Doha. Este acordo tem também o objetivo de pôr fim a uma devastadora guerra de 15 meses na Faixa de Gaza e aumenta a possibilidade de acabar com os combates mais mortais e destrutivos entre as duas partes. O que já se sabe?
O acordo, que acontece após semanas de negociações meticulosas na capital do Qatar, promete a libertação de dezenas de reféns israelitas mantidos pelo Hamas em várias fases, a libertação de centenas de prisioneiros palestinianos em Israel e permitirá que centenas de milhares de pessoas deslocadas em Gaza regressem ao que resta das suas casas. Também permitirá a entrada da ajuda humanitária muito necessária na Faixa de Gaza.
De acordo com a Reuters, o acordo prevê uma fase inicial de cessar-fogo de seis semanas que inclui a retirada gradual das forças israelitas do centro da Faixa de Gaza e o regresso dos palestinianos deslocados ao norte do enclave.
Além disso, está prevista a autorização de entrada em Gaza de 600 camiões de ajuda humanitária por dia de cessar-fogo e Israel permitirá que as pessoas feridas viajem para receber tratamento médico.
O Hamas libertará 33 reféns israelitas - embora não esteja claro se todos estão vivos -, incluindo todas as mulheres (soldados e civis), crianças e homens com mais de 50 anos, ao longo das seis semanas. Já Israel libertará 30 prisioneiros palestinianos por cada refém civil e 50 prisioneiros palestinianos por cada soldado israelita. Segundo a Al Jazeera, prevê-se a libertação de 2.000 prisioneiros palestinianos, incluindo 250 que cumprem penas de prisão perpétua.
As negociações sobre a segunda fase deste acordo terão início no 16.º dia da primeira fase. A segunda e terceira fases deverão incluir a libertação dos restantes reféns, um cessar-fogo permanente e a retirada total dos soldados israelitas.
O acordo ainda precisa ser aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, mas deve entrar em vigor nos próximos dias.
Muitas questões de longo prazo sobre Gaza no pós-guerra permanecem, incluindo quem governará o território ou supervisionará a difícil tarefa de reconstrução.
Ainda assim, o anúncio de um cessar-fogo oferece o primeiro sinal de esperança em meses de que Israel e o Hamas podem pôr fim à guerra mais mortal e destrutiva que já travaram, um conflito que desestabilizou o Oriente Médio em geral e desencadeou protestos em todo o mundo.
O Hamas desencadeou a guerra após atacar Israel a 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 israelitas e sequestrando cerca de 250.
Israel respondeu com uma ofensiva que matou mais de 46.000 palestinianos, de acordo com as autoridades de saúde locais, controladas pelo Hamas, e forçou a deslocação de cerca de 90% da população de Gaza, desencadeando uma crise humanitária.
Mais de 100 reféns foram libertados de Gaza numa trégua de uma semana em novembro de 2023.
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