Os membros da missão da ONU afirmaram estar alarmados com as imagens chocantes que circulam nas redes sociais, "que mostram atos de tortura e maus-tratos infligidos aos detidos no centro de detenção de Qarnada, no leste da Líbia", segundo um comunicado divulgado na terça-feira à noite.
A Líbia, rica em petróleo, tem lutado para recuperar a estabilidade desde a revolta de 2011, que derrubou o Governo do Presidente Muammar Kadhafi.
O país está dividido entre o Governo de Abdelhamid Dbeibah, sediado em Tripoli (oeste) e reconhecido pela ONU, e uma adminstração rival que está baseada no leste do país, apoiada pelo marechal Khalifa Haftar.
Qarnada é uma prisão de alta segurança localizada a 250 quilómetros a leste de Benghazi e gerida pela polícia militar ligada às forças de Haftar.
Este estabelecimento, o maior do leste da Líbia, alberga a maioria dos opositores do poderoso clã Haftar.
A UNSMIL referiu que "continua a verificar as circunstâncias" destes atos, que "condena veementemente" por constituírem "uma grave violação do direito internacional", e "exigiu uma investigação imediata e transparente e que os responsáveis sejam levados à justiça".
De acordo com a missão da ONU, os vídeos "mostram muitos detidos, tanto líbios como estrangeiros, a serem sujeitos a espancamentos violentos e depois forçados a posições difíceis por guardas fardados".
As imagens, não autenticadas e sem data, mostram homens em roupa interior a serem espancados com paus ou pontapeados.
"Correspondem a violações dos direitos humanos que estão a ser documentados nos centros de detenção na Líbia", disse a UNSMIL, solicitando que "os inspetores de direitos humanos da ONU e os observadores independentes tenham acesso irrestrito a Qarnada e a outros centros de detenção".
As organizações internacionais de direitos humanos denunciam regularmente comportamentos ilegais e tortura em centros de detenção oficiais em todo o país. Nenhuma das autoridades do país apresentou considerações sobre esta situação.
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