Míssil hipersónico lançado pela Rússia alerta Ocidente: Eis porquê

Esta arma era praticamente desconhecida e foi utilizada pela primeira vez pela Rússia contra a Ucrânia, servindo de alerta a todo o Ocidente. O próprio porta-voz do Kremlin afirmou: "O lado russo demonstrou claramente as suas capacidades".

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© Russian Defence Ministry/Handout via REUTERS

Lusa
22/11/2024 12:42 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na quinta-feira ter lançado um novo míssil balístico hipersónico de médio alcance, sem carga nuclear, num ataque à cidade ucraniana de Dnipro.

 

Esta arma era praticamente desconhecida e foi utilizada pela primeira vez pela Rússia contra a Ucrânia, servindo de alerta a todo o Ocidente.

A Rússia avisou, esta sexta-feira, que o lançamento do seu novo míssil demonstra que pode responder às armas ocidentais de longo alcance e que está certa de que os Estados Unidos compreenderam a mensagem. "O lado russo demonstrou claramente as suas capacidades", afirmou o porta-voz do Kremlin.

Do pouco que se sabe, este míssil é ainda experimental e chama-se 'Orechnik' - ou 'Hazel', em russo.

Eis as características que já se conhecem:

- Alcance de milhares de quilómetros -

Segundo Putin, trata-se de um míssil balístico de "alcance intermédio" e pode, por isso, atingir alvos entre os 3.000 e os 5.500 km.

Segundo o presidente russo, o disparo foi um teste em condições de combate, o que significa que esta arma ainda está em desenvolvimento. Não deu qualquer indicação de quantos sistemas existem, mas ameaçou utilizá-los.

A distância entre a região russa de Astracã, de onde foi disparado o míssil 'Oreshnik' na quinta-feira, segundo Kiev, e a fábrica de satélites Pivdenmash (Youzhmash, em russo), em Dnipro (centro-leste da Ucrânia) atingida é de aproximadamente 1.000 km.

Mesmo não se enquadrando na categoria dos mísseis intercontinentais (com um alcance superior a 5.500 km), se for disparado a partir do Extremo Oriente russo, o 'Orechnik' poderá teoricamente atingir alvos na costa oeste dos Estados Unidos.

O "'Orechnik' também pode ameaçar quase toda a Europa", segundo avançou o investigador do Instituto das Nações Unidas para a Investigação do Desarmamento (Unidir), Pavel Podvig, em entrevista ao jornal Ostorozhno Novosti.

Até 2019, a Rússia e os Estados Unidos não podiam colocar em campo tais mísseis ao abrigo do Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermédio (INF), assinado em 1987, durante a Guerra Fria.

Mas em 2019, o então Presidente norte-americano Donald Trump retirou Washington do acordo, acusando Moscovo de o violar, e abriu caminho a uma nova corrida ao armamento.

- 3 km por segundo -

O 'Orechnik' "baseia-se no modelo russo do míssil balístico intercontinental RS-26 Roubej" (por sua vez, baseado no "RS-24 Iars"), explicou a porta-voz adjunta do Pentágono, Sabrina Singh.

"Este sistema é bastante dispendioso e não é produzido em massa", acrescentou o especialista militar Ian Matveyev na rede de mensagens Telegram, garantindo que o míssil pode transportar uma carga explosiva de "várias toneladas".

O programa de armamento RS-26 Roubej, cujo primeiro teste bem sucedido data de 2012, foi congelado em 2018, segundo a agência estatal TASS, por falta de meios para levar a cabo este projeto "simultaneamente" com o desenvolvimento da nova geração Avangard, supostamente capaz de atingir um alvo em quase qualquer parte do mundo.

Segundo Vladimir Putin, o míssil 'Orechnik', disparado quinta-feira "na sua configuração hipersónica não nuclear", pode atingir uma velocidade de Mach 10, ou sea, "2,5 a 3 quilómetros por segundo" (cerca de 12.350 km/h).

"Atualmente, não há forma de combater tais armas", gabou-se.

- Várias ogivas -

Por fim, o 'Orechnik' estará também equipado com cargas manobráveis no ar, o que aumenta ainda mais a dificuldade de interceção.

"Os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimíssil criados pelos norte-americanos na Europa não intercetam estes mísseis.

Um vídeo do lançamento russo, publicado nas redes sociais, mostrou seis poderosos clarões sucessivos a cair do céu no momento do ataque, um sinal, segundo os especialistas, de que o míssil transportava pelo menos seis cargas.

Esta capacidade consiste em poder equipar um míssil com diversas ogivas, nucleares ou convencionais, cada uma seguindo uma trajetória independente ao entrar na atmosfera.

Leia Também: Ocidente compreendeu a mensagem do novo míssil russo, diz Moscovo

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