"Não resta nenhuma sociedade em Gaza, apenas pessoas a tentar sobreviver a mais um dia de bombas. É uma guerra contra as crianças, as principais vítimas são as crianças com menos de 9 anos. O mundo não podia permitir esta situação em nome da humanidade. Este massacre tem de acabar", frisou Borrell, durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, em Amã.
O diplomata espanhol alertou para as dificuldades na distribuição de ajuda na Faixa, onde vivem quase dois milhões de pessoas amontoadas entre os escombros no enclave, que tem sido incessantemente bombardeado pelo Exército israelita.
"Agora, a emergência extrema é tenta ajudar as pessoas necessitadas em Gaza, onde a situação é apocalíptica. As pessoas foram reduzidas a comportar-se como animais. Foram obrigadas a comportar-se como animais, mas são seres humanos e não podemos desviar os olhos do que está a acontecer lá", frisou.
Perante esta emergência humanitária, o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança exortou a comunidade internacional a agir.
"Ninguém está seguro em Gaza. Nenhum lugar é seguro. As famílias em Gaza devem tomar uma decisão difícil: fugir da violência, mas para onde? Ou ficar e morrer de fome", destacou ainda, antes de referir que o norte da Faixa está em risco de fome.
Borrell salientou que as autoridades israelitas têm dificultado a entrada de ajuda humanitária a partir das passagens habilitadas para o efeito e que alguns dos bens essenciais foram rejeitados arbitrariamente ou estragados durante a longa espera nos camiões.
O chefe da diplomacia europeia pediu também para que seja respeitado e cumprido o mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Palestina, incluindo o uso da fome como arma de guerra em Gaza.
O encontro de Borrell com o seu homólogo jordano realiza-se no seu segundo dia no reino Hachemita, inserido na sua nona e última viagem ao Médio Oriente que o levará esta sexta-feira a Chipre e terminará no domingo no Líbano, o país atualmente imerso num processo de negociações mediado pelos Estados Unidos para chegar a uma trégua com Israel.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em Israel, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 44 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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