Arranca hoje estudo para criar novo teste para detetar cancro colorretal

É um projeto do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular.

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Lusa
17/03/2025 12:46 ‧ há 5 horas por Lusa

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Um estudo do Instituto Gulbenkian de Medicina Molecular vai recrutar, a partir de hoje, 400 doentes com cancro colorretal na Fundação Champalimaud e no Hospital de Santa Maria, para desenvolver um novo teste de diagnóstico não invasivo baseado no microbioma.

 

Os investigadores do GIMM (sigla em inglês), que resultou da fusão do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e o Instituto de Medicina Molecular (IMM), pretendem criar uma ferramenta de diagnóstico não invasiva, identificando biomarcadores que permitam melhorar a deteção do cancro colorretal, personalizar tratamentos e reduzir os custos de saúde.

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Além disso, os resultados fornecerão informação importante sobre a ligação entre o estilo de vida, a dieta e alterações do microbioma na progressão deste tipo de cancro, que é o de maior incidência em Portugal e a segunda principal causa de morte por cancro no país.

Os investigadores do Laboratório Translacional de Microbioma na Saúde e Doença pretendem igualmente desenvolver uma plataforma de Inteligência Artificial baseada no microbioma para melhorar o diagnóstico precoce, integrando dados do microbioma com informação clínica e de estilo de vida.

Durante um ano serão recrutados 400 doentes com diagnóstico recente de cancro colorretal, com idades entre 40 e 74 anos, que não tenham iniciado qualquer tratamento. 

As amostras fecais serão recolhidas em três fases: no momento do diagnóstico e entrada no estudo; após a conclusão de cada regime terapêutico - como quimioterapia neoadjuvante, cirurgia e/ou quimioterapia adjuvante - e três anos após o diagnóstico. Serão também recolhidos dados sobre o estilo de vida e hábitos alimentares dos participantes, através de questionários.

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"O microbioma intestinal será analisado utilizando sequenciação metagenómica, permitindo a caracterização das espécies microbianas", explicou fonte do GIM, acrescentando que esta análise "visa identificar correlações entre a composição do microbioma e os resultados clínicos, incluindo respostas terapêuticas e taxas de sobrevivência".

O estudo será coordenado por Ana Santos Almeida, investigadora principal do Laboratório Translacional de Microbioma na Saúde e Doença do Gulbenkian Institute for Molecular Medicine (GIMM-CARE) e envolve uma equipa de microbiologistas clínicos, biólogos computacionais, nutricionistas e gastrenterologistas.

De acordo com dados mais recentes, são registados mais de 10.500 novos casos anuais de cancro colorretal em Portugal, resultando numa média de 12 mortes/dia. Nos últimos anos, os especialistas têm observado um "aumento preocupante" da incidência e mortalidade por cancro colorretal nos jovens.

A informação divulgada indica que apenas 25% dos casos apresentam história familiar, sugerindo que os fatores ambientais e o estilo de vida desempenham "um papel significativo".

As dietas pobres em fibra e ricas em gorduras saturadas e carnes processadas, obesidade, consumo de álcool, sedentarismo, stress e inflamação gastrointestinal crónica são apontados como responsáveis por 70% a 90% do risco de cancro colorretal.

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No espaço de 10 anos, a frequência de diagnósticos em pessoas mais jovens passou de 5% para 10% de todos os novos casos de cancro colorretal. Prevê-se um aumento superior a 140% até 2030.

Segundo o World Cancer Research Fund, 47% de todos os casos de cancro colorretal poderiam ser prevenidos através de modificações no estilo de vida, nomeadamente alterações na dieta e aumento da atividade física.

Estes fatores estão também associados a alterações no microbioma intestinal, que difere significativamente entre doentes com cancro colorretal e pessoas saudáveis.

Na informação hoje divulgada, os investigadores do GIMM lembram que o microbioma intestinal - a comunidade de biliões de microrganismos que habitam o intestino humano - "pode modular a progressão tumoral através da produção de metabolitos que influenciam respostas imunitárias ou criam ambientes antitumorais", tornando-se assim um "alvo promissor" para a deteção e prevenção do cancro colorretal.

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