"Esperamos que o BCE baixe os juros em 25 pontos base (p.b.) na sua reunião de 17 de abril, em linha com as expetativas do mercado, colocando-os nos 2,25% e prosseguindo a série de cortes que começou no verão passado", diz Michael Krautzberger, diretor de Investimento Global em Obrigações, Allianz Global Investors (Allianz GI), numa nota de análise.
O analista nota que os "receios de uma guerra comercial global frustraram as esperanças de que a zona euro pudesse estar a iniciar uma recuperação económica sustentada em 2025", sendo que os mercados agora esperam que o BCE "corte os juros nas próximas duas reuniões, e uma taxa no final do ciclo previsto abaixo dos 2%".
A influenciar a decisão estão, então, os riscos de queda do crescimento, "especialmente se se intensificar uma potencial guerra comercial entre os EUA e a União Europeia", acrescenta.
O BPI Research também partilha da expectativa de um corte das taxas de juro em 25 p.b., "prosseguindo a flexibilização monetária iniciada em 2024, tanto porque a inflação parece ter acelerado o seu regresso aos 2% como porque a atividade continua a dar sinais de fraqueza num ambiente de incerteza muito elevada e de numerosos riscos", segundo uma nota breve.
As expetativas foram flutuando acentuadamente "com os numerosos acontecimentos ocorridos desde a última reunião, em 06 de março", salienta a equipa do BPI Research, já que "após o anúncio de tarifas por Trump de dia 02, que constituiu um cenário adverso para o crescimento económico na área do euro, vários membros do Conselho do BCE inclinaram-se para um novo corte".
Já Martin Wolburg, economista sénior da Generali AM, antecipa mesmo que a guerra comercial desencadeie mais três cortes consecutivos nas taxas para 1,75%, admitindo mesmo que se escalar mais, "cortes ainda maiores para território expansionista estarão no horizonte", segundo indica num comentário de antecipação.
Apesar de sinais mais positivos para o cenário de crescimento e do impulso dado pelo plano de despesa orçamental alemão, a "imposição de tarifas americanas sobre importações da UE (agora sob uma trégua de 90 dias) está a pesar fortemente sobre as perspetivas", com as simulações da Generali a sugerir que, "mesmo sem uma nova escalada por meio de retaliações da UE, o PIB [Produto Interno Bruto] da zona do euro pode ser afetado em quase 0,5 pontos percentuais do PIB no horizonte de um ano".
O BCE já reduziu os juros seis vezes desde que iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e a taxa de juro sobre os depósitos bancários situa-se, atualmente, em 2,5%.
Leia Também: Bancos europeus tornam mais rígidos critérios de crédito a empresas