A Comissão Europeia quer que os Estados-membros decidam sobre as medidas para combater o excesso de produção de vinho, como em Portugal, e oferece flexibilidade na plantação, entre as medidas hoje propostas para ajudar o setor.
A Copa-Cogeca, grupo de organizações e cooperativas agrícolas, defendeu que Bruxelas "cumpriu com a suas promessas" ao apresentar este pacote de medidas, que considerou ser "uma resposta oportuna" à crise estrutural do setor.
Esta organização destacou, sobretudo, os programas de arranque de vinhas e o prolongamento do prazo de validade das autorizações de replantação, mas lamentou que Bruxelas não tenha avançado como uma maior flexibilidade na utilização dos fundos setoriais".
Para a Copa-Cogeca, "sem um quadro de financeiro adequado, que permita uma utilização flexível dos recursos do setor, o impacto destas medidas será limitado".
O Comité Europeu das Empresas Vitivinícolas (CEEV) disse, por sua vez, que este é um primeiro conjunto de ferramentas úteis, "desde que se evite uma tempestade comercial entre a UE e os Estados Unidos".
Citado em comunicado, o secretário-geral do CEEV, Ignacio Sánchez Recarte, mostrou-se disponível para trabalhar com Bruxelas para aperfeiçoar este pacote de medidas e pediu a sua "adoção célere".
Sánchez Recarte insistiu que o encerramento do mercado dos EUA aos vinhos europeus é já uma realidade, tendo em conta que os importadores interromperam os envios face à ameaça de tarifas impostas por Donald Trump.
"Isto está a custar às empresas vinícolas da UE 100 milhões de euros por semana. É necessária uma solução urgente. O vinho não deve ficar refém de disputas comerciais", apontou.
Entre as propostas hoje avançadas, a Comissão quer que os Estados-membros tenham poderes para tomar medidas, como o arranque (remoção de vinhas indesejadas ou em excesso) e a colheita em verde (remoção de uvas não maduras antes da vindima), para evitar excedentes de produção, ajudar a estabilizar o mercado e proteger os produtores de pressões financeiras.
Por outro lado, Bruxelas propõe a flexibilidade de plantação, especialmente no que respeita ao regime de autorizações de replantação, sendo necessária a aprovação dos colegisladores -- Conselho da UE e Parlamento Europeu -- antes de entrar em vigor.
No que respeita à procura de novos mercados, a duração das campanhas promocionais financiadas pela UE para consolidação do mercado em países terceiros será alargada de três para cinco anos, a fim de assegurar uma melhor promoção dos vinhos europeus.
O setor do vinho irá ainda receber um maior apoio no âmbito das alterações climáticas, podendo os 27 aumentar a assistência financeira máxima da UE até 80% dos custos de investimento elegíveis para investimentos destinados à atenuação das alterações climáticas e à adaptação às mesmas.
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