Novo Banco ficou numa "situação altamente indesejável", defende CEO

O presidente executivo (CEO) do Novo Banco considera que o ex-administrador arguido por suspeitas de branqueamento pôs o banco numa "situação altamente indesejável" mas que não há impactos nos clientes e a instituição continua focada na sua estratégia.

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Lusa
08/01/2025 12:11 ‧ há 20 horas por Lusa

Economia

Novo Banco

A mensagem de Mark Bourke consta de uma carta aos trabalhadores enviada na terça-feira à tarde, na sequência da destituição imediata de Carlos Brandão (administrador com pelouro do risco) por suspeita de operações financeiras ilegais.

 

Segundo o presidente executivo, foram processos internos do banco que identificaram "operações financeiras suspeitas na esfera pessoal" de Carlos Brandão e, após uma investigação interna, foram feitas denúncias ao Banco de Portugal e ao Ministério Público.

Bourke disse ainda que foi em acordo com o regulador e para não interferir com a investigação judicial que decidiu "manter a pessoa em causa no cargo e garantir a estrita confidencialidade do assunto".

O Novo Banco afirma que o que se passou não está relacionado com a instituição nem tem "qualquer impacto nos clientes, nas contas ou operações dos clientes ou na atividade do banco, nas operações comerciais, nos sistemas de gestão de risco ou colaboradores".

"Não obstante o negócio do banco não ser de forma alguma afetado por estes acontecimentos, o facto de um executivo do banco ser alvo de uma investigação é um assunto muito sério e que está a ser tratado como tal", admitiu Mark Bourke.

Para já, e enquanto não é nomeado um novo administrador com o pelouro do risco, Mark Bourke assume esse pelouro em colaboração com Paul Dobey (ex-sócio da KPMG), informa também a carta.

Mark Bourke terminou a carta aos funcionários a dizer que, "embora se trate de uma situação altamente indesejável", o Novo Banco mantém-se focado nos seus objetivos estratégicos e resultados.

O Conselho de Supervisão do Novo Banco aprovou na terça-feira a destituição imediata e com justa causa de Carlos Brandão do cargo de membro do Conselho de Administração e responsável pela área de risco, após operações financeiras suspeitas, segundo informação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Nota da Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que Carlos Brandão foi constituído arguido por suspeitas de branqueamento e falsificação e que há outro arguido neste processo. Fonte judicial disse à Lusa que o segundo arguido é a mulher de Carlos Brandão.

Carlos Brandão juntou-se ao Novo Banco como diretor coordenador do Departamento de Risco em julho de 2017 e, em agosto de 2022, foi nomeado como membro executivo do Conselho de Administração. Foi também presidente executivo do Bankinter em Portugal e desempenhou funções no Banco Santander e no Barclays.

Segundo o relatório e contas de 2023, o último disponível, nesse ano Carlos Brandão recebeu do Novo Banco 320 mil euros de salário e mais 72,5 mil euros de remuneração variável referente a 2022. O relatório indica ainda que a remuneração variável de 2023 era de 275 mil euros e que tinha 246 mil euros de remuneração diferida pendente (referente a 2020, 2021, 2022 e 2023).

Além do salário fixo, os administradores dos bancos têm prémios que são pagos diferidamente e condicionados a critérios.

A Lusa questionou o Novo Banco se, com este processo, o ex-administrador fica com prémios que devia receer em causa (que pode não receber devido ao que se passou) e se lhe será exigida alguma indemnização.

Hoje, a agência de 'rating' DBRS considerou que a destituição de Carlos Brandão não afeta atualmente as notações de crédito do Novo Banco já que as transações suspeitas detetadas são alheias à atividade do banco. Ainda assim, afirma que continuará a monitorizar, nomeadamente "se o Novo Banco ou as autoridades de supervisão eventualmente considerarem necessário que o banco faça alterações aos seus controlos internos".

O Novo Banco (criado em agosto de 2014 para ficar com parte da atividade do Banco Espírito Santo (BES), na resolução deste) é detido em 75% pelo fundo de investimento norte-americano Lone Star. O Fundo de Resolução bancário (entidade pública) tem 13,54% e os restantes 11,46% pertencem diretamente ao Estado português (através da DGTF - Direção-Geral do Tesouro e Finanças).

É conhecido que o principal acionista tem interesse em vender parte do banco a médio prazo.

O Novo Banco teve lucros de 610,4 milhões de euros entre janeiro e setembro, menos 4,4% em termos homólogos.

Em setembro passado, tinha 4.249 funcionários e 291 balcões.

Leia Também: Destituição de administrador do Novo Banco não afeta 'ratings' do banco

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