Jorge Jesus saltou, de novo, para as principais páginas da imprensa brasileira e tudo por culpa de Dorival Júnior. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) prescindiu dos serviços do antigo selecionador brasileiro após a humilhação aos pés da Argentina e rapidamente o nome do treinador português surgiu no topo das preferências para orientar o escrete.

Muito se escreveu nas últimas horas sobre o assunto, com a informação mais recente a dar conta de que Jorge Jesus já terá dado luz verde para o regresso ao Brasil, onde brilhou pelo Flamengo, ainda que sob certas condições. O próprio treinador amadorense já reagiu aos rumores, garantindo que não recebeu qualquer convite de clube ou seleção.

Perante estes factos que apontam Jorge Jesus como o provável novo selecionador do Brasil, o Desporto ao Minuto esteve à conversa com Márcio Sampaio, antigo membro da equipa técnica de JJ, para perceber se o treinador do Al Hilal é a pessoa certa para assumir o cargo de selecionador do Brasil.

Márcio Sampaio, que deixou o Al Hilal no verão do ano passado, recordou que Jorge Jesus sempre teve o sonho de orientar uma seleção que lhe permita lutar por títulos, apontado o técnico como o homem certo para assumir a seleção do Brasil.

"Neste momento não há muitas dúvidas, nem há muitas opções. Conhecendo-o como o conheço, e sabendo como é que ele trabalha e do sonho que ele tem de há uma vida, eu não tenho mínima dúvida que se conjugou tudo para que ele seja o selecionador do Brasil. Taxativamente, ele é a pessoa certa para assumir a seleção do Brasil. Não é só de agora que acho isso. Acho que já vem tarde caso isto se concretize", começou por dizer Márcio Sampaio, recordando o tal sonho que Jesus sempre teve de orientar uma seleção.

"Desde que eu o conheço que ele sempre me disse que, em termos de seleções, queria uma seleção que lhe permitisse lutar por títulos. A única seleção que lhe permite lutar por um Campeonato do Mundo é a do Brasil. Óbvio que outras seleções lhe poderiam dar essas condições. A essência do Jorge enquanto treinador vem muito do Brasil, do tempo de Pelé e de Garrincha. Bebeu muito dessa essências. Lembro-me desde sempre que ele me disse que queria orientar a seleção do Brasil", vincou o técnico.

Márcio Sampaio e Jorge Jesus no Al Hilal© Reprodução Instagram Márcio Sampaio

Por esta altura, Jorge Jesus tem contrato com o Al Hilal e a CBF teria de pagar para levar de imediato o treinador português. Márcio Sampaio acredita que as duas partes poderão chegar a um acordo favorável a ambas, sobretudo porque o técnico português continua na luta por vários objetivos na Arábia Saudita. Ainda assim, recorda que o comboio da seleção do Brasil pode não voltar em junho, quando terminar a temporada no Médio Oriente.

"Isto acaba por ser o futebol. O mercado assim o dita. Obviamente tendo o Jorge contrato com o Al Hilal, e se isto tudo for verdade, ele terá de criar as condições para que possa sair a bem do Al Hilal. Os contratos protegem os clubes e os treinadores. Se a seleção do Brasil quiser um treinador que esteja empregado, tem de ser negociado com o clube. Isto acontece com o Ancelotti, que também já foi falado, ou com qualquer outro treinador sob contrato", vincou Márcio Sampaio, referindo que esta oportunidade pode não voltar a aparecer e que, por isso, Jorge Jesus poderá 'rasgar' de imediato o contrato com os sauditas.

"Há três ou quatro clubes no mundo que não se pode negar. Não podemos dizer não a Barcelona, Real Madrid e Manchester United. Depois também há duas ou três seleções no mundo que não podemos dizer que não e a seleção do Brasil é uma seleção que não se pode dizer que não. A seleção do Brasil terá dois jogos no início de junho. A final da Liga dos Campeões asiática. Pode-se conjugar aqui uma situação de ele poder, se isto for verdade, assumir o cargo no final da temporada na Arábia", notou.

Márcio Sampaio recordou ainda a existência do novo Mundial de Clubes, onde Jorge Jesus voltaria a participar, mas apontou que a presença no Mundial'2026 pode pesar mais a favor da decisão final do técnico amadorense.

"Não é uma questão impossível. Depende do timing que a seleção do Brasil pretende para ter um novo treinador. Se a seleção do Brasil disser que quer levar já o Jorge, pode ser mais difícil porque ele está a disputar competições importantes na Arábia Saudita e o clube tem ambições muito grandes nesta fase. Se for mais para a frente, pode existir aqui um conjunto de fatores que beneficie que ele possa ser a pessoa escolhida. Há aqui coisas boas e positivas que podem fazer com que ele seja o selecionador e outras que podem fazer com que ele seja mais difícil caso isto aconteça. Também é preciso entender se a CBF está realmente interessada no Jorge Jesus ou não e se o nome está a sair pela imprensa apenas porque é um desejo dos brasileiros", ressalvou.

"Ele tem uma equipa mais competitiva, tem uma equipa que pode competir com qualquer equipa do mundo e isso pode ser um aliciante para ele perceber também a mais-valia desta equipa que está há dois anos com ele. Acho que isso é um desejo. Mas depois, por outro lado, também pode disputar um Campeonato do Mundo de seleções e acho que o prestígio não é igual. É uma decisão difícil. Pessoalmente, acho que todos os treinadores podiam ter esse problema para resolver (risos)", acrescentou de seguida Márcio Sampaio.

Jorge Jesus e Márcio Sampaio no Flamengo© CF Flamengo  

Questionado sobre se aceitaria um eventual convite para se juntar a Jorge Jesus na equipa técnica da seleção do Brasil, Márcio Sampaio referiu que o aceitaria de bom grado se não estiver a trabalhar, mas que não está a pensar no assunto de forma veemente.

"Não gosto de falar de suposições. Mas o Brasil é uma seleção a que, se ele me convidasse e não estando eu a trabalhar, obviamente que diria que sim. Quem não queria representar a seleção do Brasil? Ainda para mais tendo nós sido imensamente felizes no Brasil, tendo uma simpatia e amizade com o povo brasileiro. Temos excelentes recordações no Brasil. Estar na melhor seleção do mundo era o desejo de qualquer profissional. Provavelmente seria quase um sonho tornado realidade. Neste momento não penso muito nisso. Tomei uma decisão ponderada e quando o fiz coloquei essa situação também na cabeça, que isto poderia isto acontecer e eu não estar presente. Mas não vivo a pensar nisso Mas se ele me convidasse, obviamente que iria", finalizou Márcio Sampaio.

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