Foi com um lance de génio que o FC Porto saiu da Amoreira com os três pontos. Numa solarenga tarde de domingo na linha de Cascais, Rodrigo Mora mostrou que não veio ao António Coimbra da Mota para passear à beira da praia do Tamariz e sentenciou a vitória na visita ao Estoril (1-2).
Neste que foi um duelo da 27.ª jornada da I Liga e que antecedeu o Clássico do próximo domingo com o Benfica, no Dragão, o clube portista não apresentou uma exibição nada convincente, mas foi o suficiente para que Martín Anselmi conseguisse, pela primeira vez desde que assumiu a equipa, duas vitórias consecutivas no campeonato.
Mas nem tudo foi fácil para os dragões, que na época passada tinham perdido por duas ocasiões na Amoreira. O FC Porto até entrou bem no jogo e, logo aos 10 minutos, Samu viu um golo invalidado por fora de jogo, após intervenção do VAR.
André Narciso, que comandou esta ferramenta, foi o mesmo que descortinou um corte com a mão de Iván Marcano na área do FC Porto. Na conversão do respetivo castigo máximo, Begraoui, e inaugurou o marcador (15').
O FC Porto acusou o golo sofrido e só conseguiu relançar a partida à beira do intervalo. O VAR voltou a intervir e assinalou corte com o cotovelo por parte de Holsgrove na área estorilista. Samu, aos 45 minutos, igualou de penálti.
O jogo arrastava-se e as oportunidades escasseavam... até que surgiu o génio de Rodrigo Mora. Servido por Francisco Moura, o criativo provou que não estava sentado à sombra da bananeira e, depois de tirar um adversário do caminho dentro da área contrária, atirou de pé esquerdo para o golo da vitória. Uma 'Amora' doce e certeira que virou o jogo de forma inesperada.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
Rodrigo Mora é a cara deste triunfo magro do FC Porto na Amoreira. Quando o jogo parecia amarrado e sem grandes ocasiões, o criativo 'esfregou' a lâmpada e tirou da cartola um lance espetacular que foi fundamental para a sua equipa.
Surpresa
Xeka foi um verdadeiro líder no meio-campo do Estoril e desempenhou um papel fundamental nos equilíbrios da formação de Ian Cathro. Foi muito forte nos duelos e nunca deu um lance por perdido, demonstrando ainda uma visão de jogo acima da média dos colegas de posição.
Desilusão
Holsgrove foi um elemento a menos nos estorilistas, tendo ficado anos-luz do que já apresentou esta temporada. Foi dele o erro que esteve na origem da grande penalidade que valeu o empate ao FC Porto.
Treinadores
Ian Cathro
Há algumas jornadas, e numa tirada que ninguém esqueceu, o escocês frisou que é preciso "big balls" para se jogar neste Estoril. A bem da verdade, foi isso mesmo que aconteceu na Amoreira. Os canarinhos não se amedrontaram ante um rival de valia superior e foram muito adultos nesta partida. A pressão alta desde o apito inicial colocou o FC Porto em sentido, pese embora outras áreas tenham ficado fragilizadas. É uma equipa para seguir com atenção nesta reta final do campeonato.
Martín Anselmi
A exibição não foi nada convincente, sobretudo quando se tem à porta um jogo de elevada dificuldade diante do Benfica e que pode relançar o FC Porto na luta pelo título de campeão nacional. Aliás, a equipa esteve muito dependente da inspiração de Rodrigo Mora e Fábio Vieira no último terço, algo que se tem vindo a repetir nos últimos jogos. Os dragões precisam de ser mais perigosos e imprevisíveis, e têm opções para isso, porque a 'géniodependência' pode não chegar para sorrir em todos os encontros nesta fase crucial da temporada.
Arbitragem
Trabalho muito positivo da equipa liderada por Hélder Malheiro, apesar de ter assinalado algumas faltas desnecessárias. Bem auxiliado pelo VAR nas duas grandes penalidades assinaladas, assim como no golo anulado a Samu.
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