André Villas-Boas concedeu uma extensa entrevista à edição desta quarta-feira do jornal O Jogo, na qual assume que "foi difícil" não ter marcado presença no funeral do antecessor na presidência do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, após "um ato eleitoral forte em trocas de piropos e de mimos".
"Compreendo o seu posicionamento. Escreveu em livro e sempre tive intenções de o respeitar. Custou-me muito ter sido difícil convencer a família para que o presidente passasse os últimos momentos no Estádio do Dragão, porque a verdade é que a cerimónia poderia ter sido ainda mais digna e elevada", afirmou.
"Penso que honrou o FC Porto e honrou Jorge Nuno Pinto da Costa, mas poderia ter sido muito melhor. Respeito a família e também os desejos do presidente. O que tornou a sua partida ainda mais emocional foram as declarações de respeito, de amor e toda a emoção que envolveu o memorial, o curto tempo que esteve no Estádio do Dragão e também o relembrar do que foram todas as suas conquistas no FC Porto", prosseguiu.
"Compreendo também a frustração do presidente. A auditoria forense era algo que eu tinha programado, planeado e anunciado em campanha eleitoral. O relatório final demorou a ser concluído, acabámos por anunciá-lo já em janeiro. Nunca tive o intuito de magoar ou de desprestigiar tudo o que foi atingido pelo presidente. Nem penso que isto, de certa forma, toque a magnitude do que ele atingiu no FC Porto, que é muito superior a tudo o que é resultado da auditoria forense", completou.
O líder máximo dos dragões explicou, ainda, que a continuidade de Sérgio Conceição no comando técnico da equipa principal "era totalmente impossível", "também porque havia uma relação umbilical direta do Sérgio ao anterior presidente: "Entendo que não quisesse continuar, mas a realidade é que nunca esteve em cima da mesa".
"Discutimos, não amplamente, mas diria que o suficiente sobre o facto. Deixámos essa conversa para o final e, depois da Taça, fiz questão de o receber em minha casa. Discutimos vários temas, desde logo a sua sucessão, o que naturalmente levou a uma profunda desilusão face à possibilidade de Vítor Bruno o suceder", referiu.
"O Sérgio é um treinador de referência do FC Porto, deixou muitas saudades aos associados pelo seu carisma, pela sua intransigência na defesa dos interesses do FC Porto. Resta-nos honrá-lo. Fiz questão de lhe dizer, como ao Pepe, que para eles há um espaço de ferida também difícil de sarar relativamente à sua saída. Quanto ao Pepe, acho possível haver uma despedida condigna num breve espaço de tempo. Relativamente ao Sérgio, quero e continuarei sempre a elevá-lo, mas gostava muito de o ter aqui e que se despedisse dos sócios do FC Porto de outra forma. Mas compreendo que a rutura e a ferida seja profunda e que isso seja impossível", rematou.
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