Em declarações à agência Lusa, Gil Cruz adiantou que "a FPB tem acompanhado este processo desde o início e que já há algum tempo foi transmitido que o jogador não podia jogar, porque tinha questões no seu registo criminal" que levaram a Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) a decidir por impedir que Saunders continuasse a jogar em Portugal.
"O nosso papel aqui no fundo é de intermediário entre o clube e a AIMA, tentámos sempre ajudar, obviamente, o nosso clube, na medida do possível, mas também entendemos e o que temos de fazer é fazer cumprir a lei, portanto, no fundo é esta a nossa e tem sido sempre, a nossa postura com estes casos, e com este caso em concreto", assumiu.
Gil Cruz diz que neste momento não tem conhecimento de mais nenhum caso deste género, até porque "são analisados pela AIMA e não pela FPB", mas que, apesar de se estar a falar de atletas, "não é uma questão desportiva que o impede de continuar a jogar".
"Tem a ver com a nova lei de imigrações e é uma questão que é transversal a várias indústrias, não é só o basquetebol. Portanto, há uma série de requisitos que são impostos pelo Governo, por via da AIMA, e que qualquer estrangeiro que queira vir a ser profissional para Portugal, pelo menos fora do espaço Schengen, tem de cumprir. E nós estamos à mercê disso, portanto, não há grande envolvimento da nossa parte, porque não é uma questão de natureza desportiva, se assim fosse, obviamente, teríamos outro à vontade para falar sobre o assunto", referiu.
O dirigente reforçou que "não há grande margem de manobra" nesta situação e garantiu que a FPB, conhecedora da realidade dos clubes, tenta sempre guiá-los e ajudá-los nestes processos e "defendê-los também perante o Governo quando é necessário".
"Mas as leis são as leis e neste caso em concreto é uma questão que está exposta na lei, portanto, não há grande margem de manobra", lamentou.
Na terça-feira, a Oliveirense, em comunicado, informou que Wesley Saunders, uma das figuras do arranque do campeonato, não poderia continuar a representar o clube, por decisão da AIMA.
"[O jogador] Vê-se agora privado de poder continuar a sua carreira no nosso país, uma vez que a AIMA, com uma interpretação legal que entendemos manifestamente errada, recusa ao nosso atleta a possibilidade de continuar a jogar basquetebol em Portugal, quando tais fundamentos não foram impedimento para que o mesmo jogasse em vários países da União Europeia", disse.
A nova lei da imigração já tinha levado a que o início da edição 2024/25 da Liga portuguesa de basquetebol fosse adiado, depois de os clubes terem decidido não comparecer aos encontros, por alguns emblemas não terem conseguido regularizar a situação dos atletas.
A renovada Lei da Imigração, que foi aprovada em 03 de junho, obriga os clubes a terem os documentos dos jogadores estrangeiros regularizados, autorização de residência e contrato de trabalho dos atletas.
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