Segundo uma publicação do 'blog' do BCE, que analisa a evolução das economias mais afetados pela crise - Grécia, Portugal, Chipre e Irlanda - no período de 2010 até agora, "todos os quatro países se recuperaram notavelmente bem, superando o restante da zona euro em termos de produção económica e criação de empregos".
No que diz ao crescimento económico, Irlanda, Portugal e Chipre começaram a recuperação no período de 2012 a 2014, enquanto para a Grécia começou mais tarde, já que "enfrentou os maiores desafios" e também "porque a reestruturação da dívida soberana foi adiada".
Já quanto à situação orçamental, novamente com a exceção da Grécia, "os níveis de dívida começaram a cair após a crise, interrompidos apenas pelo grande choque da pandemia em 2020". "Desde então, os orçamentos em todos os quatro países melhoraram", nota a publicação assinada pelos economistas Daniela Filip, Klaus Masuch, Ralph Setzer e Vilém Valenta.
"Chipre, Irlanda e Portugal até registraram excedentes orçamentais em 2023", destacam, sendo que o Governo português projeta saldos orçamentais positivos nos próximos quatro anos.
As projeções de Bruxelas também apontam para uma continuidade da trajetória de redução da dívida, sendo de salientar que "em todos os quatro países, a dívida pública real per capita é agora menor do que em 2019, enquanto os aumentos no rendimento disponível real durante esse período foram mais fortes do que em muitos outros países da zona euro".
Olhando para a situação da banca, os economistas do BCE reiteram que as "iniciativas dos governos ajudaram a tornar o setor financeiro mais estável e resiliente".
Finalmente, são analisados os desequilíbrios externos, que "foram reduzidos" ao longo destes quase 15 anos, mas Portugal compara pior neste indicador.
"A Irlanda melhorou a competitividade mais rapidamente entre os quatro, graças às suas estruturas económicas flexíveis e a um rápido ajuste de preços e salários", notam.
Já no Chipre e na Grécia, os ganhos de competitividade "excederam os da maioria dos outros países do euro desde 2009". Por outro lado, em Portugal, "os ganhos foram mais modestos e menos sustentáveis", referem.
Tendo em conta esta análise, os economistas concluem que a "situação económica da Grécia, da Irlanda, de Portugal e do Chipre melhorou substancialmente ao longo da última década", sendo que "as medidas políticas introduzidas durante a crise e no seu rescaldo ajudaram a reduzir os desequilíbrios e conduziram a um maior crescimento e a descidas mais acentuadas da dívida pública em comparação com a maioria dos outros países da área do euro".
Apesar destes progressos, é deixado o alerta de que estes países ainda "enfrentam grandes desafios", nomeadamente o nível elevado da dívida pública e "os passivos externos permanecem altos e o crescimento da produtividade é baixo".
"Estas fraquezas diferem entre os países e podem piorar com os novos desafios geopolíticos, envelhecimento populacional e mudanças climáticas", avisam os economistas, deixando a recomendação de que "esforços substanciais de política estrutural são necessários para estimular ainda mais o crescimento potencial, salvaguardar a sustentabilidade da dívida e construir resiliência económica".