Pedro Nuno investigado após denúncias ao MP. Que se sabe (e as reações)

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, está a ser alvo de uma investigação preventiva devido a suspeitas relacionadas com a compra de duas casas: uma em Lisboa e outra em Montemor-o-Novo, no distrito de Évora. A informação fez com quem o socialista partilhasse toda a documentação relacionada com os imóveis no seu site dedicado às Legislativas, e apontou: "Quem não deve não teme."

A informação sobre a abertura do inquérito foi avançada pelo Observador e, posteriormente, confirmada pela Lusa junto do Ministério Público, que deu conta de que a investigação surge "na sequência de receção de denúncias e tendo em vista a recolha de elementos".

A averiguação preventiva "corre termos" no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), no qual é investigada a criminalidade económico-financeira mais complexa, situação "prevista na Lei 36/94, de 29 de setembro", de Medidas de Combate à Corrupção e Criminalidade Económico-Financeira.

Estes imóveis, agora alvo de suspeitas, já tinham estado envolvidos em polémica em novembro de 2023, depois de a revista Sábado noticiar que Pedro Nuno Santos não declarou como pagou uma casa no valor de 740 mil euros.

O que está em causa? E o que diz Pedro Nuno?

Ainda na quarta-feira, quando a informação foi conhecida, Pedro Nuno Santos garantiu que "quem não deve não teme" nem "foge", e salientou também que "a verdade é pública", apesar de as denúncias "serem anónimas." 

Fez ainda o apontamento de que estranhava, "como todos os portugueses, a coincidência e divulgação da notícia."

"Sempre fui transparente e sempre estive disponível para todos os esclarecimentos. Ao contrário de Luís Montenegro, não tenho medo nem do escrutínio do Ministério Público, nem do escrutínio dos portugueses", atirou ainda na primeira reação.

No dia seguinte, quinta-feira, os documentos foram tornados públicos.

Pode consultá-los aqui.

Do choque ao "papel" da Justiça: As reações

Ao longo das últimas horas, têm sido vários os responsáveis que têm vindo a reagir à situação - da Esquerda à Direita não houve quem hesitasse em reagir, apontando o "choque", pedindo explicações, mas também recusando já uma campanha de "casos e casinhos."

Luís Montenegro

O primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, afirmou que não precisa de "atacar pessoalmente" ninguém para fazer valer os seus argumentos, numa referência a este caso. O chefe de Governo disse ainda que não lhe compete fazer a avaliação sobre a decisão de Pedro Nuno Santos, que apresentou documentos relativos à compra de duas casas, em Lisboa e em Montemor-o-Novo, e disponibilizou-se para ser ouvido pelo Ministério Público.

Perante a insistência dos jornalistas, o primeiro-ministro reforçou: "Eu não preciso de atacar pessoalmente ninguém para fazer vencer os meus argumentos".

Chega

Por seu turno, o presidente do Chega, André Ventura, manifestou-se "chocado" com o valor dos dois imóveis adquiridos pelo secretário-geral socialista, que estimou entre 1,3 e 1,4 milhões de euros, e exigiu saber se há fundos públicos na origem das aquisições. Para o presidente do Chega, subsistem "contradições" nas diversas declarações proferidas por Pedro Nuno Santos sobre este caso.

"Numa primeira resposta, parecia que tinha havido ajudas de uma determinada forma e de um determinado círculo familiar, mas, agora, parece que a explicação é outra para a obtenção desses fundos. Como é que um político tem este património para adquirir estes imóveis, sendo que, no caso, penso que os dois são titulares de cargo político ou de cargo público", interrogou.

Bloco de Esquerda

A ordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, recusou alongar-se nos comentários sobre o assunto, para não alimentar uma campanha eleitoral à volta de "casos".

"Quero falar sobre os problemas das pessoas e se venho ter com elas, devemos às populações falar sobre o lítio e sobre as suas vidas e não enxamear o debate público. Se o Ministério Público está a averiguar, averigue. Não vamos é passar semanas a falar de casos e casinhos quando há problemas tão graves no país como a destruição do ambiente, território e o problema da habitação", defendeu Mortágua, em Montalegre, ainda na quarta-feira.

PCP

O secretário-geral do PCP considerou do interesse de todos que o caso envolvendo a aquisição de duas casas pelo líder do PS seja esclarecido rapidamente e disse não querer acreditar que tenha havido "gestão de 'timings'" pela Justiça.

"Há um procedimento em curso, há de haver necessidade de prestar declarações do ponto de vista judicial e eu acho que é do interesse de todos que rapidamente se esclareça o que há para esclarecer", afirmou Paulo Raimundo, que, interrogado se estranha o 'timing' das notícias sobre este caso, em vésperas de eleições legislativas, respondeu: "Não quero crer que tenha havido alguma gestão dos 'timings'".

PAN

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, lamentou a existência de denúncias anónimas como as que deram origem à averiguação preventiva ao secretário-geral do PS, alertando para o risco de "oportunismo em campanha eleitoral".

Inês de Sousa Real defendeu que todos os políticos "devem estar sujeitos ao escrutínio e prestar contas aos portugueses", e disse esperar que "a justiça faça agora o seu papel" em relação aos dados disponibilizados pelo secretário-geral do PS, de forma a que a "campanha não fique contaminada com estes casos e casinhos".

Partido Socialista

Já o ex-ministro das Finanças Fernando Medina criticou a abertura de uma averiguação preventiva na qual é visado o secretário-geral do PS, acusando o Ministério Público de "reforçar a publicidade" a denúncias anónimas arquivadas em 2024.

Fernando Medina deixou ainda críticas aos adversários políticos que, "a coberto de denúncias anónimas", aproveitaram o caso para atacar Pedro Nuno Santos.

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