"Os 1.000 euros de salário mínimo nacional a 01 de julho é um sinal de futuro e é um sinal que se dá para a frente, para o aumento geral dos salários. É uma questão fundamental", afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas em Lisboa, à margem da Manifestação Nacional dos Jovens Trabalhadores, promovida pela Interjovem-CGTP-IN.
O secretário-geral do PCP salientou que essa proposta vai constar no programa eleitoral da CDU para as eleições legislativas, que será apresentado em 08 de abril, ressalvando que não se trata de uma novidade, uma vez que, nas últimas legislativas, a coligação integrada por PCP e PEV também já tinha defendido a fixação do salário mínimo nacional nos 1.000 euros a partir de 01 de maio de 2024.
No entanto, Paulo Raimundo defendeu que continua a ser necessária, uma vez que disse haver atualmente em Portugal "dois milhões e meio de trabalhadores que ganham menos de mil euros de salário mínimo por mês", o que significa que "levam para casa 750 ou 800 euros líquidos para gerir a sua vida".
"Ora, isto não é possível continuar assim. Não vale a pena nós andarmos a vender a ideia de que Portugal está melhor, a vida está melhor e depois há quase 50% dos trabalhadores portugueses numa situação destas. Isto não é possível. Não pode e não vai continuar assim com esta proposta", disse.
Questionado sobre o que é que é preciso fazer para responder às reivindicações dos jovens que se estão hoje a manifestar, Paulo Raimundo defendeu que "é preciso exigir a vida melhor a que os jovens têm direito", garantindo que ficam em Portugal a estudar e a trabalhar.
"E, para isso, é preciso criar condições para responder a três questões fundamentais: fim da precariedade, aumento dos salários, fixar o salário mínimo nacional nos 1.000 euros em 01 de julho deste ano e, de uma vez por todas, responder à questão fundamental do acesso à habitação. Sem isto, não há volta a dar", considerou.
Sobre se admite demitir-se caso o PCP venha a perder representação parlamentar, Paulo Raimundo respondeu que a CDU precisa "é de mais força para responder" às três questões que elencou.
"E esta gente que está aqui a reivindicar isto sabe disso. E, portanto, não nos vai tirar força, vai-nos dar força porque esta é a única solução para responder aos problemas dos jovens trabalhadores e da juventude em geral no nosso país", disse.
Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado sobre as críticas que Rui Tavares, porta-voz do Livre, lhe fez por ter aceitado o modelo de debates televisivos proposto pela AD, a coligação seria representada pelo líder do CDS-PP, Nuno Melo, nos debates com o BE, Livre e PAN e não por Luís Montenegro.
Na resposta, o secretário-geral do PCP recordou que, na campanha para as legislativas de há um ano, Montenegro tinha-se igualmente recusado a participar no debate com a CDU, mas a coligação "encarou a situação" e disse que só iria debater com Luís Montenegro.
"E a verdade é que Luís Montenegro tinha [inicialmente] essa pretensão. Enrolou a corda e teve de debates connosco naquelas circunstâncias, comigo em Lisboa e Luís Montenegro no Porto, nos estúdios da RTP, mas debatemos cara a cara, frontalmente. É isso que eventualmente vai acontecer com outros", antecipou.
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